Na primeira semana de 2016, a ordem é combater com todas as forças o mosquito Aedes aegypti – que no ano passado provocou 15.749 casos de dengue em Belo Horizonte– para evitar essa doença e não deixar entrar na capital mineira a chikungunya e o zika vírus. Depois de percorrer as regiões Noroeste e Pampulha, seis equipes de agentes de zoonoses da Região Leste pulverizaram ontem cerca de 1,5 mil domicílios do Bairro Boa Vista, na Região Leste da cidade.
Com máscaras, botas e macacões, os agentes de zoonoses andaram de casa em casa ao longo de seis quarteirões, espalhando o inseticida Ultrabaixo Volume (UBV), que tem uma eficácia relativamente menor à de outros produtos, mas que permite direcionar os jatos dentro das janelas e quintais. No momento de borrifar o ‘veneno’, os moradores que não haviam sido avisados com antecedência foram surpreendidos com o movimento. Crianças corriam para fora das casas, carregando no colo os cachorros e gaiolas de pássaros. A orientação dos agentes é que ninguém deveria permanecer no imóvel dedetizado durante um intervalo de 15 minutos.
Segundo informações dos próprios moradores, o Boa Vista registrou nos últimos dias pelo menos seis casos confirmados de dengue. Um deles é o da doméstica Márcia Andrade da Mata, de 57 anos, que contraiu a doença pouco antes do Natal, em 23 de dezembro. “Estava com febre e achei que era infecção de urina. Passei o Ano-novo de cama”, conta ela, que conserva o jardim de flores sem água, sem pratos e com pedras.
Hoje, as ações vão se concentrar na mesma região, no Mariano de Abreu, sempre em bairros com maior número de focos identificados de dengue. Na semana que vem, as ações da Secretaria Municipal de Saúde vão se concentrar nos chamados mutirões intersetoriais em todas as regiões da cidade, incluindo a Centro-Sul, e serão feitos em parceria com equipes da Defesa Civil e da Superintendência de Limpeza Urbana (SLU). Segundo decreto do prefeito Marcio Lacerda, BH fará esforço concentrado de vistoria, que deve alcançar 100% dos imóveis da capital até 31 de janeiro.
Para a vizinha e cunhada de Márcia, Edilza Maria Luiz de Oliveira, de 57 anos, os mosquitos infestaram o bairro e afetam mesmo quem cuida da própria casa. “De seis em seis meses, meu marido destampa a caixa d’água e a lava. Nós jogamos fora todos os vasos de planta e tudo o que havia no quintal. Mas tem casa aqui no bairro onde a equipe de zoonoses não entra”, afirmou a moradora. Ela e o marido, o pedreiro Hamilton de Oliveira, já tiveram dengue duas vezes. Além da vizinha ao lado, também a da frente está agora contaminada pelo vírus, conta Edilza.
O inseticida tem 80% de eficácia contra os mosquitos que estão no ar, mas não tem ação contra as larvas e ovos. É preciso que as pessoas continuem a tirar 10 minutos por semana para cuidar dos seus quintais”, alertou José Marcos Furquim, gerente de controle de Zoonoses da Regional Leste. Segundo ele, apesar de o inseticida apresentar uma segurança grande, por ser de ultrabaixo volume, as pessoas mais alérgicas podem apresentar reações, como vermelhidão nos olhos e na pele, mas se chegarem a apresentar vômito devem buscar ajuda nos postos de saúde..