O tempo de espera é suficiente para que seis gerações de milhares de mosquitos se reproduzam, segundo o infectologista e diretor da Sociedade Mineira de Infectologia, Carlos Starling. “Esse prazo, aliado ao clima chuvoso e quente, é altamente favorável ao mosquito e cada um pode infectar cerca de 100 pessoas numa densidade demográfica alta como é a de Belo Horizonte”, diz o especialista. Há três anos, desde que os problemas com a manutenção do lote começaram, casos de dengue foram registrados pelos vizinhos.
Em 4 de dezembro, a família do advogado Flávio Mansur de Oliveira voltou a denunciar a situação à Regional Nordeste, mas apenas no dia 29 a proprietária teria sido notificada. “Esperamos quase um mês pela notificação e vamos esperar mais para resolver o problema. Além disso, ela ainda pode recorrer caso não tenha condições de fazer a manutenção, e esse prazo pode aumentar”, contou o advogado, que nos últimos dois anos teve pelo menos dois tipos de dengue. A preocupação de Oliveira se estende às crianças e idosos que vivem na região. “A PBH tem que tomar providências. Não somos nós que temos que ficar correndo atrás dos donos do lote”, reforçou.
Dos fundos da casa da aposentada Idalina Soares, que vive na Rua Ituverava, paralela ao lote, é possível ver as plantas ultrapassarem os muros do lote. “A preocupação é grande porque estamos sujeitos a ter dengue ou zika a qualquer momento. Fecho a minha janela bem cedo para evitar que o mosquito entre em casa e faço minha parte para manter meu quintal limpo e sem criadouros”. A Regional Nordeste confirmou a vistoria no lote da Rua Catanduva e informou que o proprietário tem 15 dias para a regularização da situação a partir do recebimento da notificação. A proprietária do lote foi procurada pela reportagem e garantiu que a limpeza será feita até a próxima semana.
A Prefeitura, por meio da Secretaria Municipal Adjunta de Fiscalização (Smafis), informou que, de acordo com a legislação municipal, o proprietário que não regularizar a situação dentro do prazo de 15 dias pode receber multa de R$ 1.972,50. Os valores são cobrados em dobro ou em triplo em caso de reincidências. A secretaria disse ainda que realiza ações fiscais rotineiras, programadas ou motivadas por denúncias da população. Em 2015, foram realizadas 21.032 vistorias, emitidos 7.697 autos de notificação e lavradas 2.277 multas.
A Secretaria Municipal de Saúde reforçou que no caso de lotes e imóveis abandonados, a Portaria 007/2007 autoriza o município a fazer a entrada forçada nesses locais.