Chuva e obras em atraso voltam a trazer preocupação à população de BH

Na Avenida Prudente de Morais, que aguarda obras de melhoria de drenagem, os bueiros não suportaram o volume de água e se transformaram em chafarizes na manhã de sexta. A previsão é de que a chuva continue na Grande BH.

Mateus Parreiras
Chuva na manhã de ontem voltou a causar alagamentos em ruas do Santo Antônio, na Região Centro-Sul - Foto: Paulo Filgueiras/EM/DA Press

Uma manhã de chuva insistente foi suficiente para trazer de volta a Belo Horizonte a preocupação com alagamentos e enxurradas, sobretudo em áreas sensíveis, como na Avenida Prudente de Morais, entre os bairros Cidade Jardim e Santo Antônio, na Região Centro-Sul, onde a drenagem não conseguiu suportar 30 milímetros de precipitações registradas entre a madrugada e o início da tarde pela estação de Cercadinho, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Com o volume de água, os bueiros e grelhas se tornaram chafarizes na baixada formada pelo encontro das ruas Joaquim Murtinho e Barão de Macaúbas, pouco antes da esquina com a avenida, em local que registrou várias cheias nos últimos anos e foi responsável pelo afogamento de um casal de idosos que ficou preso em seu carro, em 2009. Desde então, obras de melhoria do sistema de drenagem são prometidos para este local, mas mais uma vez a prefeitura informou que a intervenção, que tem recursos de financiamento federal, ficou mais cara e vai atrasar pelo menos mais seis meses.

O volume de água que desceu sobretudo pela drenagem mais alta da Avenida do Contorno, ontem, superou, na Rua Joaquim Murtinho, a capacidade da canalização subterrânea do Córrego do Leitão (Prudente de Morais) e logo cedo a água estourou as tampas de metal de bueiros e esguichou para o alto pelas grelhas. Motoristas ao verem esses obstáculos ficaram temerosos em passar onde não conseguiam ver o asfalto e procuraram desviar, o que provocou lentidão e confusão no ponto, já que alguns condutores invadiram a Rua Barão de Macaúbas para evitar a enxurrada. Carros com a suspensão mais baixa tiveram mais dificuldade para ultrapassar a água empoçada.

Foi uma amostra de que o problema ainda preocupa quem passa e trabalha na região. “Não veio ainda uma daquelas tempestades fortes e veja só a confusão que ficou na rua (Joaquim Murtinho). A gente fica com medo de numa enxurrada igual a que matou o senhor e a senhora, em 2009, e mais pessoas corram perigo, porque praticamente nada foi feito”, reclama o mecânico Henrique Rocha, de 37 anos, que trabalha perto do local e viu a última grande enchente, há seis anos.

E segundo o professor e meteorologista Ruibran dos Reis, do Climatempo, as chuvas persistem na Grande BH até o próximo fim de semana. “A chuva de ontem chegou a 10% da média prevista para o mês.
O solo está encharcando e podemos ter a repetição da situação vivida em 2011, com muitos alagamentos e deslizamentos  em Minas. Cessou o bloqueio provocado pelas altas temperaturas no oceano, entre o Rio Grande do Sul e a África, e que impedia as chuvas”, afirma.

De acordo com a Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura, as obras contra enchentes na região da Avenida Prudente de Morais devem ser entregues no primeiro semestre de 2018 e não mais no segundo semestre de 2017, como estimava levantamento da secretaria feito em julho do ano passado. O preço da obra também aumentou. Seriam gastos R$ 50 milhões, mas as intervenções já estão em R$ 51,97 milhões, encarecimento de 4% no período. Os investimentos terão recursos do Programa de Aceleração do Crescimento 2 (PAC 2). No local, a previsão é de que sejam implantadas uma galeria paralela à existente na Avenida Prudente de Morais, no trecho entre as ruas Barão de Macaúbas e Bárbara Heliodora. “O projetos precisaram ser revistos “devido à complexidade das soluções para o canal e as interferências com outras infraestruturas instaladas”, informou a secretaria de obras.

Segundo a Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap), “nos últimos anos a Prefeitura vem executando em todo o Município intervenções de prevenção e combate a inundações, totalizando um montante da ordem de R$ 1,29 bilhões (empreendimentos concluídos a partir de 2009 e em andamento), além de ter previstos R$ 1 bilhão, para execução de outros empreendimentos”.

ALERTA As regiões Noroeste, Sul, Alto Paranaíba e do Triângulo receberam alerta de perigo do Inmet devido ao grande volume de chuvas. Esse grau de severidade é o segundo mais grave, antecedendo ao alerta para grande perigo. Segundo o insituto, essa região está sujeita a “alagamentos, deslizamentos de encostas, transbordamentos de rios. Chuva entre 30 e 100 milímetros por dia. O laerta abrange 275 municípios. Nas áreas de risco desses locais a recomendação é para colocar “em lugares altos seus móveis e utensílios”, em caso dechuvas muito fortes e aumento dos níveis de recursos hídricos próximos. “Desligue aparelhos elétricos, quadro geral de energia.
Se observar rachaduras nas residências, procure abrigos municipais. Se identificado rachaduras no terreno, coloque lona plástica para evitar que a água infiltre nas rachaduras. Obtenha mais informações junto à Defesa Civil (telefone 199) e ao Corpo de Bombeiros (telefone 193)”, informou o Inmet..