A Defesa Civil de Belo Horizonte emitiu um alerta neste sábado para as populações que vivem nos morros e encostas da capital, com destaque para as famílias da Rua Sustenido, no Aglomerado da Serra. O órgão ressalta o volume de chuva neste sábado (mais de 80mm) e a previsão de precipitação até a próxima terça-feira (19) e, por isso, pede que os moradores fiquem atentos com aparecimento de fendas, depressões no terreno e rachaduras nas paredes.
Caso percebam algum desses sinais os moradores devem, segundo orientação da Defesa Civil, saírem do local imediatamente e ligarem para a Defesa Civil no telefone 199.“Solicitamos especialmente aos moradores da região da Rua Sustenido, sobretudo os já notificados, que não permaneçam em suas residências em virtude da vulnerabilidade desta localidade e a possibilidade de desastre que pode colocar a suas vidas em risco”, frisou a nota da Defesa Civil.
No final de outubro o alerta aos moradores da região da Rua Sustenido foi reforçado. Lá, vivem cerca de 100 famílias, que não concordam com os laudos sobre o risco do local. “Estamos afirmando que vai cair. Só não podemos afirmar quando”, afirmou, em entrevista coletiva no ano passado, o presidente do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia de Minas Gerais (Ibape-MG), Clémenceau Chiabi. A constatação dele foi reforçada pela Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural (Abece) e pela Associação Brasileira de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica (ABMS).
Os moradores começaram a ocupar o terreno em 2013. A área está abaixo da Praça de Esportes do Cafezal e fica fora do perímetro oficial de atuação da Companhia Urbanizadora de Belo Horizonte (Urbel). Especialistas afirmam que mais de 100 construções foram erguidas em local inadequado, com presença de lixo e entulho, e que fatalmente o terreno vai ceder, risco agravado pela chegada do período de chuvas. É o ponto considerado mais crítico em toda a cidade, onde há outras 2 mil construções suscetíveis a deslizamentos ou desmoronamentos em caso de chuva forte, localizadas em 209 vilas e favelas.
Os moradores do local rebatem os estudos técnicos, tentam provar que não há risco de deslizamentos e lutam não ser removidos. O local é monitorado pela Coordenadoria Municipal de Defesa Civil (Comdec) de Belo Horizonte, que solicitou a análise das três entidades de engenharia, mas atualmente é alvo de ação na Justiça, já que a Defensoria Pública de Minas Gerais é contra a remoção das famílias e obteve liminar que condiciona a retirada ao reassentamento das famílias. O órgão tem um laudo geológico elaborado voluntariamente pelo geólogo Gilvan Brunetti Aguiar, afirmando que o risco não é tão intenso quanto o apontado no laudo contratado pela PBH.