Dia de completo caos no Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, em pleno período das férias de janeiro, quando o movimento de passageiros no terminal é intenso. Por causa da chuva e da neblina que cobriu a região, o aeroporto operou durante o tempo todo por instrumentos e nada menos que 189 voos foram cancelados e 25 atrasaram de meia-noite às 18h, causando filas, revolta e frustração. Foi o pior momento de uma situação que começou no meio da semana. Entre quarta e sexta-feira, pelo menos 106 voos foram cancelados e 118 atrasaram.
Neste domingo, Confins ainda opera por instrumentos. Conforme o último boletim da BH Airport, entre 0h e 7h, seis voos foram cancelados e um estava atrasado, número bem menor do que no mesmo período de sábado, quando neste horário 22 voos já haviam sido cancelados.
Ontem, a situação levou a filas longas e entrelaçadas que tomaram praticamente todos os espaços do Terminal 2, a partir dos balcões de check-in e dos guichês das companhias aéreas, onde passageiros buscavam informações e tentavam remarcar os voos para mais tarde ou para outro dia. Muita gente estava nervosa, consultando os celulares de forma tão insistente que as redes ficaram congestionadas, dificultando essa comunicação.
Os problemas começaram ainda na madrugada e se estenderam ao longo do dia. Com isso, muitos passageiros passaram horas no terminal, alguns com a perspectiva até de dormir no aeroporto, à espera da retomada das decolagens. Idosos cansados de ficar em pé arrastaram cadeiras dos cafés para as filas das empresas aéreas. Bebês irritados com a espera choravam no colo dos pais ou deitados em cadeirinhas. Muitas crianças cansaram de esperar e sentaram no chão dos saguões, entre as pilhas de bagagens. A todo momento, agentes das empresas aéreas e de agências de turismo passavam correndo, procurando informar passageiros e grupos de viajantes sobre seus voos. Para piorar, o acúmulo de gente impedia a limpeza do local. Com isso, a água que caía das diversas goteiras do teto era recolhida em baldes de lixo ou continuava a escorrer pelo chão, com os funcionários isolando o local com cavaletes alertando para o perigo de piso escorregadio. O trânsito frequente de pessoas levou muita água e sujeira para o interior do aeroporto, aumentando o aspecto de imundície do piso.
ORAÇÃO EM GRUPO Um grupo de 30 fiéis de uma igreja evangélica em excursão para Israel, onde visitaria a Terra Santa, estava aflito com o cancelamento de seu voo de conexão para o Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP). Como a TAM não conseguia confirmar o voo, o grupo se reuniu numa roda em plena fila e orou pela intervenção divina. “O planejamento foi longo e a gente estava ansioso para viajar. Ligamos até para a Itália para saber como vão ficar nossas conexões e pode ser que a gente só consiga embarcar daqui a dois dias. Isso é muito frustrante”, reclamou a assistente social Camila Carneiro, de 34 anos.
A analista educacional Terezinha Viana, de 64, estava revoltada por passar o primeiro dia de férias presa no aeroporto porque seu voo para Recife da companhia Gol foi cancelado. “Como é que em pleno século 21 uma chuva consegue segurar as pessoas e criar tamanho caos num aeroporto desse porte? Estamos num grupo de cinco pessoas que planejou curtir o sol em Porto de Galinhas e o que conseguimos por enquanto foi isto: o saguão do aeroporto”, afirma.
De acordo com a BH Airport, concessionária que administra o aeroporto, “em razão das condições meteorológicas adversas registradas desde a manhã de sábado, o aeroporto ficou abaixo das condições mínimas para pousos e decolagens, mesmo operando por instrumentos e com o Instrument Landing System (ILS). Os atrasos e cancelamentos trazem reflexos na infraestrutura que é planejada para a demanda em condições normais de operação. Por isso, é recomendável que os passageiros entrem em contato com a companhia aérea para receber as orientações de viagem.”
Com informações de Cristiane Silva