Cheia do Rio das Velhas assusta moradores em Santa Luzia

Em Santa Luzia, nível do curso d'água que corta cidade da Grande Belo Horizonte subiu muito durante a madrugada. No Sul do estado, 21 municípios foram afetados pela chuva

Daniel Camargos Cristiane Silva Celina Aquino
Dona Nádia passou a noite vigiando o leito do Rio das Velhas, temendo que sua casa fosse invadida pelas águas. Ela quer se mudar do local - Foto: Marcos Vieira/EM/D.A Press
A preocupação com inundações também tirou o sono da funcionária pública Nádia Conceição Sétimo, de 54 anos, que não dormiu com medo de que o Rio das Velhas transbordasse e atingisse sua casa no Bairro Boa Esperança, em Santa Luzia, na Grande Belo Horizonte. Moradores da cidade relatam que não veem o rio tão cheio desde a década de 1990. Ontem, durante a tarde, muitos acorriam à Ponte Velha, mesmo com a chuva insistente, para observar o rio.

A estimativa de Nádia é que o Velhas subiu cerca de 10 metros e atingiu o pé de carambola que fica no limite do seu terreno com a margem durante a madrugada. “Tem cinco anos que moro aqui, mas quero vender ou alugar a casa, pois estou com muito medo”, afirma Nádia. Ontem à tarde, a água já havia baixado um pouco, mas o alerta da família de Nádia e dos vizinhos permanecia. “Não consegui dormir até agora (16h). Fico revoltada porque não veio ninguém da Defesa Civil olhar se tem perigo e nem avisar nada”, reclama Nádia.

A reportagem do Estado de Minas tentou entrar em contato com a Defesa Civil de Santa Luzia, mas ninguém atendeu os telefones. Júlio César da Cunha, de 50, nasceu na cidade e lembra que a última vez que viu o rio tão cheio foi na enchente de 1997.
“Da última vez que teve uma enchente brava a água chegou lá em casa”, lembra com preocupação Júlio.

MAIS CHUVA A chuva não deve dar trégua aos mineiros, ao menos até a próxima semana. O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu alerta para perigo de alagamentos, deslizamentos de encostas e transbordamentos de rios em vários pontos do estado, inclusive na Região Metropolitana de Belo Horizonte.

O meteorologista Ruibran dos Reis, do Climatempo. adianta que a frente fria persistirá até meados da semana. Na Grande BH, a intensidade da chuva entre ontem e hoje será moderada, enquanto em cidades do Sul de Minas, Campos das Vertentes e Zona Mata deve chover forte, o que aumenta o risco de deslizamentos e alagamentos.

A Região Sul do estado é a mais afetada, segundo boletim divulgado pela Defesa Civil Estadual. Houve registro de alagamentos provocados pelo aumento do volume de córregos e rios, que transbordaram. Várias rodovias foram afetadas com alagamentos e quedas de barreiras, entre elas a BR-460, que liga Lambari a Carmo de Minas.

ALAGAMENTO Apesar de não chover em São Lourenço, no Sul de Minas, desde sexta-feira, vários pontos da cidade ficaram alagados. De acordo com o Corpo de Bombeiros, a situação se explica devido o alto índice pluviométrico em Itanhandu e Itamonte, que fez o Rio Verde transbordar e alagar trechos da cidade, incluindo o Mercado Municipal. Os comerciantes do Mercado foram avisados sobre a possibilidade de alagamento e tiveram tempo para deixar as mercadorias suspensas. Por volta das 8h30 de ontem, a água começou a subir e atingiu a marca de 10 cm.

Além de São Lourenço, foram afetadas pela chuva as seguintes cidades: Camanducaia, Cambuí, Carmo de Minas, Congonhal, Cristina, Inconfidentes, Itajubá, Itamonte, Itanhandu, Jacutinga, Lambari, Maria da Fé, Monte Verde, Munhoz, Piranguinho, Pouso Alegre, Pouso Alto, Santa Rita de Caldas, São José do Alegre e Três Corações.

Novo alerta da Cedec-MG

A chuva vai continuar em Minas nos próximos quatro dias, de acordo com boletim da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil de Minas Gerais (Cedec-MG), que divulgou alerta para o risco de deslizamento de terra e inundações em 18 municípios do estado. São esperadas chuvas com volumes superiores a 100 milímetros em todo o estado, com risco de inundação e enxurradas em Belo Vale, Betim, Coronel Fabriciano e Santa Luzia.

Confira o vídeo enviado por Leonardo Apolinário que mostra a situação do Rio das Velhas

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