Depois de longo período de estiagem, Minas enfrenta os transtornos de um janeiro chuvoso com registro pluviométrico acima de médias históricas em dezenas de municípios (veja quadro). Se há um ano a escassez hídrica levou o governador Fernando Pimentel a anunciar ações emergenciais para evitar um racionamento, neste mês, são os deslizamentos, transbordamentos e enchentes que preocupam as autoridades estaduais. Cinco municípios decretaram estado de emergência. As últimas cidades a pedir ajuda ao governo estadual devido às chuvas torrenciais foram Itamonte, no Sul de Minas Gerais, Sabará e Juatuba, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Itanhomi, no Vale do Rio Doce, e Palma, na Zona da Mata, decretaram situação de emergência no fim do ano passado.
Com os temporais, 1.636 pessoas foram retiradas das residências de forma preventiva. Outras 681 perderam as casas. As precipitações deixaram 10 pessoas feridas e provocaram a morte de uma. Antônio Luiz Alves Júnior, de 30 anos, foi levado pela correnteza em Montes Claros, no Norte de Minas, quando tentava resgatar a moto.
De acordo com dados do Sistema de Meteorologia e Recursos Hídricos de Minas Gerais (Simge), nos últimos cinco dias, o acumulado de chuva no estado ultrapassou os 40mm/h. De acordo com a intensidade, a chuva pode ser classificada como fraca, com precipitações de 5 milímetros por hora; moderada de 5 a 25 mm/h; forte entre 25 mm/h e 50 mm/h e muito forte quando ultrapassa os 50 mm/h. “Neste ano, as chuvas estiveram distribuídas em todo o estado, concentrando valores consideráveis e favorecendo o índice pluviométrico dos reservatórios. Diferentemente dos anos anteriores”, avaliou a meteorologista do TempoClima PUC Minas Natália Cantuária. O secretário-executivo da Cedec-MG, tenente-coronel Ronilson Caldeira, lembrou que, no ano passado, o volume ficou 70% abaixo da média histórica.
MAIS TEMPORAIS Em pelo menos 18 municípios, o acumulado ultrapassou 100mm. Neste mês, em Belo Horizonte choveu 223 mm. A coordenadoria ainda destacou o acumulado de chuva em Florestal (255mm), Ibirité, (232mm), Timóteo (221mm), Pirapora (202mm), Uberlândia (200mm) e Araxá (186mm). Os temporais deverão se manter nos próximos quatro dias, de acordo com a Cedec-MG. O volume deverá superar 100 milímetros em grande parte do estado.
A Defesa Civil decretou risco para deslizamento de terra em 18 municípios – Belo Oriente, Dom Joaquim, Engenheiro Caldas, Fernandes Tourinho, Frei Inocêncio, Governador Valadares, Iapu, Itanhomi, Mantena, Materlândia, Morro do Pilar, Naque, Nova Belém, Periquito, Resplendor, Sabinópolis, Santo Antônio do Itambé e Sardoá. Também há risco de inundação em Coroaci, Dom Cavati, Itanhomi e Mutum.
A população de Conceição do Pará está apreensiva com a chuva. Os moradores temem que o Rio Pará, que está 4 metros acima do nível normal, transborde. “O rio está cheio e começando a jogar água para fora.
O município de Santana do Riacho, na Região Central, ficou embaixo d’água por causa da cheia do Rio Paraúna. Uma mulher de 53 anos, que ficou ilhada, foi resgatada de helicóptero pelo Corpo de Bombeiros e passa bem. Também na Região Central, Ferros computa 600 desalojados e 30 casas destruídas depois de o Rio Santo Antônio ter transbordado. O tenente-coronel Ronilson Caldeira informou que, em novembro, a Defesa Civil elaborou um plano de enfrentamento aos temporais, que está sendo executado.
.