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Estado de Minas

Polícia apura avanço de sinal em acidente entre ônibus que deixou dois mortos em BH

Além das du­as ví­ti­mas, aci­den­te com co­le­ti­vos no Cen­tro de BH dei­xa ao menos 14 feridos.


postado em 22/01/2016 06:00 / atualizado em 22/01/2016 08:06

Ver galeria . 10 Fotos Acidente entre dois ônibus mata duas pessoas e fere 14 no Centro de Belo HorizonteGuilherme Paranaíba/EM.D A Press
Acidente entre dois ônibus mata duas pessoas e fere 14 no Centro de Belo Horizonte (foto: Guilherme Paranaíba/EM.D A Press )

O avan­ço de se­má­fo­ro de um dos dois ôni­bus que se en­vol­ve­ram em um aci­den­te no cru­za­men­to das ave­ni­das do Con­tor­no e An­dra­das, no Cen­tro de BH, é a prin­ci­pal li­nha de in­ves­ti­ga­ção da ba­ti­da que ti­rou a vi­da de duas pes­soas que es­ta­vam em um dos co­le­ti­vos. A Po­lí­cia Ci­vil co­me­çou on­tem a in­ves­ti­gar o ca­so, que, além de dois mor­tos, dei­xou ao me­nos 14 fe­ri­dos e um ras­tro de des­trui­ção a pou­cos me­tros da Pra­ça da Es­ta­ção, na saí­da do Via­du­to da Flo­res­ta. Um ôni­bus da li­nha 8107 (Con­cór­dia/São Pe­dro) des­cia o via­du­to pa­ra aces­sar a An­dra­das à es­quer­da e ba­teu na la­te­ral do co­le­ti­vo do Mo­ve Me­tro­po­li­ta­no, da li­nha 512H (Ter­mi­nal Vi­la­ri­nho/Hos­pi­tais/Via Cris­tia­no Ma­cha­do). O veí­cu­lo foi atin­gi­do no mo­men­to em que fa­zia a cur­va pa­ra pe­gar a Con­tor­no e, com o im­pac­to, co­li­diu em um pos­te de ilu­mi­na­ção da ave­ni­da. Se­gun­do mi­li­ta­res do Ba­ta­lhão de Po­lí­cia de Trân­si­to (BP­Tran), uma tes­te­mu­nha in­for­mou que o con­du­tor do Mo­ve avan­çou o se­má­fo­ro.

O aci­den­te ocor­reu por vol­ta das 10h e mo­bi­li­zou vá­rios agen­tes da Po­lí­cia Mi­li­tar, Cor­po de Bom­bei­ros, BHTrans, Guar­da Mu­ni­ci­pal, De­par­ta­men­to de Es­tra­das de Ro­da­gem (DER/MG) e Ser­vi­ço de Aten­di­men­to Mó­vel de Ur­gên­cia (Sa­mu). O re­pre­sen­tan­te co­mer­cial Jor­ge Luiz Vi­to­ras­si, de 64 anos, mor­reu ain­da no lo­cal. O cor­po só foi re­mo­vi­do após o tra­ba­lho da pe­rí­cia. Izza Atalla Azi­zi, de 77, mor­reu de­pois de dar en­tra­da no HPS João XXIII. En­tre os 14 fe­ri­dos, cin­co per­ma­ne­cem in­ter­na­dos no HPS, um em es­ta­do gra­ve.

Se­gun­do agen­tes da BHTrans, a ló­gi­ca do ce­ná­rio en­con­tra­do de­pois da ba­ti­da in­di­ca que o ôni­bus azul da li­nha 8107 ba­teu no co­le­ti­vo do Mo­ve. “Ele em­pur­rou o Mo­ve até o pos­te. Es­sa é a lei­tu­ra mais com­pa­tí­vel com o re­sul­ta­do”, afir­ma um agen­te que pe­diu ano­ni­ma­to. O sub­te­nen­te We­lling­ton Ave­lar, do BP­Tran, con­ta que uma tes­te­mu­nha deu in­for­ma­ções so­bre a ba­ti­da. “Ela dis­se que o mo­to­ris­ta do ôni­bus me­tro­po­li­ta­no te­ria pas­sa­do com o se­má­fo­ro ver­me­lho. A Po­lí­cia Ci­vil fi­ca­rá a car­go de es­cla­re­cer es­se fa­to”, afir­ma.

Uma equi­pe co­man­da­da pe­lo de­le­ga­do Ro­dri­go Fa­gun­des, da De­le­ga­cia Es­pe­cializa­da em Aci­den­tes de Veí­cu­los, es­te­ve no lo­cal co­lhen­do as pri­mei­ras in­for­ma­ções e não de­ve en­con­trar di­fi­cul­da­des pa­ra des­co­brir se hou­ve avan­ço. Os cru­za­men­tos de on­de vie­ram os dois ôni­bus con­tam com ra­da­res de avan­ço. A Po­lí­cia Mi­li­tar in­for­mou que duas câ­me­ras do Olho Vi­vo na re­gião fo­ram che­ca­das, mas não aju­dam na elu­ci­da­ção dos fa­tos. Uma de­las es­tá na saí­da da Es­ta­ção Cen­tral do me­trô e fla­grou a ba­ti­da de lon­ge, mas sem con­di­ções de for­ne­cer in­dí­cios de avan­ço, se­gun­do o Cen­tro In­te­gra­do de Co­mu­ni­ca­ções Ope­ra­cio­nais (Ci­cop).

 A câ­me­ra que po­de­ria so­lu­cio­nar o ca­so es­tá bem na es­qui­na da co­li­são, na saí­da do Via­du­to da Flo­res­ta. Po­rém, o Ci­cop in­for­mou que ela não fil­ma­va exa­ta­men­te o lo­cal da ba­ti­da na ho­ra do aci­den­te. A Po­lí­cia Ci­vil ain­da vai con­fir­mar es­sas in­for­ma­ções. “Tam­bém so­li­ci­ta­mos as câ­me­ras dos dois co­le­ti­vos pa­ra ava­lia­ção. Te­mos no­tí­cia de uma tes­te­mu­nha que es­tá ar­ro­la­da no bo­le­tim de ocor­rên­cia que pre­sen­ciou a ba­ti­da e se­rá ou­vi­da no cur­so das in­ves­ti­ga­ções. Va­mos co­lher as ver­sões dos mo­to­ris­tas e os ta­có­gra­fos dos dois ôni­bus se­rão ava­lia­dos”, afir­ma Ro­dri­go Fa­gun­des.

No meio do tu­mul­to ge­ra­do pe­la ba­ti­da, pas­sa­gei­ros eram aten­di­dos por so­cor­ris­tas do Sa­mu e dos bom­bei­ros em vá­rios lu­ga­res. Duas mu­lhe­res que se­guiam no ôni­bus do Mo­ve fi­ca­ram bas­tan­te as­sus­ta­das, ti­ve­ram fe­ri­men­tos e o pes­co­ço imo­bi­li­za­do. A apo­sen­ta­da Ivo­ne Al­ves da Sil­va, de 75, che­gou a pen­sar no pior quan­do es­cu­tou o ba­ru­lho da pan­ca­da. “Achei que ia mor­rer. O ôni­bus in­tei­ro es­tre­me­ceu e as pes­soas co­me­ça­ram a gri­tar. Não ti­nha mui­ta gen­te. Na ho­ra, só vi um san­gue es­cor­ren­do, por­que ba­ti a ca­be­ça”, afir­ma. Os fe­ri­dos fo­ram en­ca­mi­nha­dos pa­ra o Hos­pi­tal de Pron­to-So­cor­ro João XXIII, Hos­pi­tal Uni­med, Od­i­lon Behrens e pa­ra Uni­da­des de Pron­to Aten­di­men­to (UPAs) da ca­pi­tal.

Parentes lamentam perdas


“Meu ir­mão era uma óti­ma pes­soa. Não va­mos con­tar pa­ra nos­so pai, que es­tá com 88 anos. Ele não aguen­ta­ria sa­ber. Va­mos di­zer que es­tá via­jan­do”, dis­se, emo­cio­na­do, o au­tô­no­mo Pe­dro Ju­lião Vi­to­ras­si, de 52 anos, so­bre o ir­mão mais ve­lho, Jor­ge Luiz, de 64, que mor­reu on­tem de ma­nhã na ba­ti­da en­tre o ôni­bus da li­nha 8107 e um co­le­ti­vo do BRT/Mo­ve.

Se­gun­do Pe­dro, Jor­ge vi­via so­zi­nho no Bair­ro Con­cór­dia, na Re­gião Nor­des­te. To­dos os dias, ele pe­ga­va o co­le­ti­vo do bair­ro pa­ra ir pa­ra o Cen­tro. On­tem, não ter­mi­nou o tra­je­to. O ve­ló­rio e o en­ter­ro se­rão em Ca­ra­tin­ga, ter­ra na­tal da ví­ti­ma.

Na tar­de de on­tem, fa­mi­lia­res bus­ca­vam no­tí­cias de ou­tros fe­ri­dos que fo­ram le­va­dos pa­ra HPS João XXIII. Már­cia Men­des, de 34, se as­sus­tou quan­do viu o aci­den­te pe­la te­le­vi­são. O ma­ri­do de­la, Re­gi­nal­do Lo­pes Mar­tins, de 37, con­du­zia o 8107. Ela ten­tou fa­lar com ele , mas sem su­ces­so li­gou pa­ra a em­pre­sa que a tran­qui­li­zou, di­zen­do que ele ha­via se fe­ri­do, po­rém sem gra­vi­da­de. Re­gi­nal­do fra­tu­rou três cos­te­las. “Ele dis­se que o Mo­ve veio do na­da e ten­tou rea­gir, ti­rar (o ôni­bus da ro­ta de co­li­são), mas não deu tem­po.”
Com Márcia Maria Cruz


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