Os responsáveis pelo movimento também reclamam da política de remuneração e pagamento de benefícios da empresa e alegam que não estão conseguindo ganhar o suficiente para se manter. Pelo menos três condutores, que começaram a trabalhar com o Uberx no ano passado, afirmaram ao Estado de Minas que hoje, por mais que se esforcem, não conseguem faturar mais que R$ 2 mil por mês, e que essa quantia é insuficiente para que eles possam se sustentar e ainda abastecer e fazer a manutenção dos carros usados no transporte privado de passageiros. “Estou faturando pouco mais de R$ 1,7 mil, e para obter esse rendimento chego a fazer 50 viagens a cada fim de semana, sem contar o trabalho durante a semana, em torno de seis horas por dia”, diz um motorista que preferiu não se identificar, temendo algum tipo de punição por parte da empresa.
Ele acrescentou que a situação dos motoristas piorou quando a Uber resolveu reduzir em 15% o valor da tarifa do Uberx e também diminuiu o valor dos benefícios, além de aumentar as exigências de desempenho dos parceiros do serviço. O benefício por hora variava de R$ 25 a R$ 40, e valia para o horário das 5h às 10h, desde que o motorista tivesse uma média de 1,4 viagens por hora e pelo menos 85% das corridas aceitas (no Uber, o passageiro tem o direito de recusar o carro que vai atendê-lo). “Desde dezembro, esse incentivo só vale entre as 17h e as 19h, desde que o motorista tenha uma média de 1,8 viagens por hora, o que é cada vez mais difícil”, diz o motorista.
Outro dono de carro que presta serviços para a Uber, e que exerce a atividade desde agosto, diz que, em média, um motorista do Uberx fatura em média R$ 5 por corrida, depois de retirados todos os custos e a taxa da Uber, de 25% sobre o valor da viagem. Com a redução de 15% no valor da tarifa e os constantes aumentos no preço dos combustíveis, o condutor diz que está pagando para trabalhar.
Um terceiro motorista disse que a empresa passou a tratar mal os condutores do Uberx pois sabe que, diante da situação econômica adversa vivida pelo país, muita gente, sem emprego, está disposta a trabalhar com o aplicativo. “Estão apostando na rotatividade. Sabem que há mão de obra barata sobrando no mercado e dizem que quem não quiser aceitar as normas pode sair.” Ele afirmou ainda que a autorização para que os motoristas do Uber black passem a transportar pessoas que usam o Uberx será o fim dessa categoria mais barata. “Quem vai querer usar um carro comum, de 2010, depois de ser atendido por um sedã de luxo?”, questiona.
O EM entrou em contato com a assessoria da Uber e pediu mais informações sobre a mudança que motivou a reclamação. Em nota, a empresa se limitou a dizer que “está sempre buscando novos meios de aumentar o ganho dos seus motoristas parceiros, tornando a plataforma mais eficiente”..