Motoristas do Uberx, o serviço mais barato da Uber, que usa carros comuns, fabricados a partir de 2010, estão se articulando para encaminhar à empresa uma série de reclamações, alegando que não são mais tratados como parceiros e estão tendo prejuízo com o serviço. A principal causa do protesto é a informação que, a partir de segunda-feira, os condutores do Uber black, a categoria premium do aplicativo, com carros pretos, de luxo, motorista de gravata e veículos com ar-condicionado, passarão a atender os usuários que solicitarem uma corrida do Uberx. Para os profissionais da categoria de transporte mais barata, caso essa mudança entre em vigor, será o fim do Uberx, que não terá condições de concorrer com carros mais luxuosos e confortáveis.
Ele acrescentou que a situação dos motoristas piorou quando a Uber resolveu reduzir em 15% o valor da tarifa do Uberx e também diminuiu o valor dos benefícios, além de aumentar as exigências de desempenho dos parceiros do serviço. O benefício por hora variava de R$ 25 a R$ 40, e valia para o horário das 5h às 10h, desde que o motorista tivesse uma média de 1,4 viagens por hora e pelo menos 85% das corridas aceitas (no Uber, o passageiro tem o direito de recusar o carro que vai atendê-lo). “Desde dezembro, esse incentivo só vale entre as 17h e as 19h, desde que o motorista tenha uma média de 1,8 viagens por hora, o que é cada vez mais difícil”, diz o motorista.
Outro dono de carro que presta serviços para a Uber, e que exerce a atividade desde agosto, diz que, em média, um motorista do Uberx fatura em média R$ 5 por corrida, depois de retirados todos os custos e a taxa da Uber, de 25% sobre o valor da viagem. Com a redução de 15% no valor da tarifa e os constantes aumentos no preço dos combustíveis, o condutor diz que está pagando para trabalhar. “Trabalho seis horas por dia e não consigo faturar mais de R$ 2 mil por mês. Isso é muito pouco. Antes, a Uber pagava aos motorista incentivo por corrida, de R$ 5. Depois, passou a pagar por hora, mas esse valor caiu e também tem a questão de a gente só receber se tiver a média de 1,8 viagens por hora, o que é impossível, irreal.”
Um terceiro motorista disse que a empresa passou a tratar mal os condutores do Uberx pois sabe que, diante da situação econômica adversa vivida pelo país, muita gente, sem emprego, está disposta a trabalhar com o aplicativo. “Estão apostando na rotatividade. Sabem que há mão de obra barata sobrando no mercado e dizem que quem não quiser aceitar as normas pode sair.” Ele afirmou ainda que a autorização para que os motoristas do Uber black passem a transportar pessoas que usam o Uberx será o fim dessa categoria mais barata. “Quem vai querer usar um carro comum, de 2010, depois de ser atendido por um sedã de luxo?”, questiona.
O EM entrou em contato com a assessoria da Uber e pediu mais informações sobre a mudança que motivou a reclamação. Em nota, a empresa se limitou a dizer que “está sempre buscando novos meios de aumentar o ganho dos seus motoristas parceiros, tornando a plataforma mais eficiente”.