Estudantes da UFMG vencem competição internacional de redução de emissão de gás carbônico

Equipe formada por cinco estudantes, sendo três brasileiros e duas francesas, apresentou projeto que melhora a eficiência do ar-condicionado de veículos e superou 229 equipes de 65 países. Votação popular vai até amanhã

Guilherme Paranaiba
Equipe formada pelos estudantes da UFMG e duas francesas recebeu um cheque simbólico por ter vencido a competição na França. Da esquerda para a direita, André Braga, Matheus Vilela, Laura Laugar, Carole Lenchi e Kelly Aparecida - Foto: Arquivo Pessoal/Divulgação
Estudantes da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) subiram no alto do pódio de uma competição organizada na França que estimula a redução da emissão de gás carbônico no meio ambiente, um dos principais vilões do efeito estufa. A proeza foi conquistada por uma equipe de cinco jovens, sendo três mineiros e estudantes de engenharia elétrica da UFMG que fazem intercâmbio no país europeu e duas francesas.

A dobradinha Brasil e França superou projetos de outras 229 equipes de 65 países com um projeto inovador e que já se movimenta para virar realidade. Os cinco jovens desenvolveram um protótipo que melhora a eficiência do sistema de ar-condicionado de um veículo e, consequentemente, gera o mesmo conforto para o motorista e os passageiros com um fluxo menor de ar. Como essa função está diretamente ligada ao consumo de combustível de um carro convencional, com menos ar é possível gastar menos combustível sem perder a eficiência da refrigeração.

“Em grande escala isso pode significar toneladas a menos de CO2 por ano no meio ambiente”, afirma Matheus de Oliveira Vilela, de 24 anos, um dos três estudantes da UFMG premiados na competição internacional, natural de Divinópolis, no Centro-Oeste do estado. O trio, que também conta com os estudantes André Luiz Martins Braga, 24, de BH, e Kelly Aparecida Ribeiro de Faria Santos, 25, nascida em Caeté, na Grande BH, já se conhecia na capital mineira, mas estreitou os laços há um ano e meio, quando os três iniciaram um intercâmbio na Escola Superior de Engenharia Elétrica e Eletrônica da Esiee Paris, faculdade conveniada com a UFMG por meio do programa Brafitec.

Na França, eles conheceram Laura Laugar, 22, e Carole Lenchi, 22, e inscreveram o projeto para uma primeira fase online do campeonato.
“Das 230 equipes participantes, eles selecionaram 16 finalistas para uma etapa de dois dias presencial, onde fomos escolhidos como a melhor proposta. Ficamos muito felizes, eu não conseguia parar de rir”, brinca Kelly. Como prêmio, cada um dos cinco integrantes levou uma bicicleta elétrica avaliada em 2 mil euros, além de conseguir uma ajuda profissional em formato de consultoria que pode alavancar o negócio e torná-lo realidade o quanto antes. “Os advogados de uma das empresas responsável pela competição também estão nos assessorando para proteger a nossa ideia, criando uma patente”, diz André.

O prêmio foi entregue no último dia 15 pelo ex-ministro da Economia da França, Edmond Alphandéry, e é promovido, entre outras gigantes do ramo, pela Engie, francesa da área de energia. O trio de brasileiros fica mais seis meses em Paris antes de retornar para o Brasil e concluir a faculdade de engenharia elétrica. O primeiro semestre de 2016 será dedicado, segundo eles, para aperfeiçoar a ideia campeã, aproveitando a consultoria que pode durar de dois a seis meses. O objetivo da ajuda é acelerar a transformação da ideia em negócio e garantir os resultados o mais rápido possível. “A gente via os projetos concorrentes e encontrava muitas ideias boas. Teve uma equipe que trabalhou seis anos na iniciativa que apresentaram. Nossa vitória foi uma surpresa muito grande”, diz Matheus. “Essa experiência foi algo inédito que espero seguir na minha vida e no meu percurso profissional”, acrescenta André.

VILÃO DO EFEITO ESTUFA O professor Edson Domingues, do Departamento de Ciências Econômicas da UFMG, lembra da importância da vitória dos estudantes, especialmente os mineiros, em um contexto de necessidade de reduzir as emissões do dióxido de carbono, representado pela fórmula química CO2. “O sistema de transportes, principalmente com carros particulares, é um dos maiores emissores do planeta.
Qualquer tecnologia que torne os motores mais eficientes é muito importante”, diz o professor.

Domingues lembra que as emissões aceleradas nos últimos 150 anos estão gerando mudanças climáticas, em que se destacam o aumento da temperatura e a ocorrência de fenômenos como chuvas torrenciais e períodos longos muito quentes ou muito frios. Outro ponto destacado pelo especialista é a necessidade das universidades se aproximarem do mercado e oferecerem invenções que permitam às empresas buscarem a inovação. “Nosso país ainda faz pouco com ações práticas de ciência e inovação voltadas ao mercado, o que aumenta a importância desse feito”, completa.

Apesar do prêmio principal já ser da equipe batizada de Mobiliteam, a dobradinha de brasileiros e franceses ainda pode levar mais uma disputa. O público em geral pode votar no melhor projeto entre os finalistas até o dia 24 de janeiro. Cada integrante da equipe campeã no voto popular ganhará um relógio da marca Apple. Para votar basta acessar o site da competição Decarbonathon, pelo link https://www.decarbonathon.org/en/juries/41/votables. .