Detalhes da morte bárbara de um casal de jovens em Araxá, no Alto Paranaíba, na noite de sábado, indicam pelo menos duas hipóteses para o assassinato do empresário Higor Humberto Fonseca de Sousa, de 26 anos, e da estudante Rafaela D’Eluz Giordani, de 21. Os dois foram mortos de forma brutal na casa onde moravam no Bairro Veredas do Belvedere, loteamento novo de Araxá, e tiveram pertences roubados, como duas televisões e uma caminhonete. Segundo a Polícia Militar, esses detalhes indicariam um caso de latrocínio, mas Higor foi vítima de mais de 100 facadas, além de ter o corpo coberto por fubá. Já Rafaela teve pelo menos nove lesões relacionadas a objetos cortantes no pescoço e teve parte do corpo coberta com açúcar. “Esse número de perfurações e as lesões nos indicam algo que pode estar além de um simples latrocínio”, afirma o major Fernando Reis, subcomandante do 37º Batalhão da PM.
A Polícia Civil começou a investigar o caso ainda no plantão, na madrugada de ontem, mas não adianta detalhes sobre as linhas que está seguindo. Higor é filho de Geraldo Humberto Sousa Borges, o Beto Radiadores, ex-vice presidente administrativo do Esporte Clube Mamoré, time de futebol de Patos de Minas, que atualmente ocupa o Módulo II do Campeonato Mineiro. “Estamos arrasados. Meu filho trabalhava comigo desde os 10 anos.
O pai não acredita em outro tipo de crime que não o latrocínio, já que ele não vê motivos para vingança ou algo do tipo. “É uma situação muito triste. O Higor era uma pessoa querida por todos, tinha várias amizades, assim como a Rafaela. Ela tinha trancado a matrícula no curso de direito para o casamento dos dois e atualmente trabalhava comigo”, conta o pai, que recebeu a notícia quando ainda estava no campo assistindo ao jogo do Mamoré contra a URT.
CIDADE ESTARRECIDA
Os dois corpos foram sepultados ontem sob forte comoção de amigos e parentes. Rafaela foi enterrada em Araxá e Higor em Patos. O presidente do Conselho Deliberativo do Mamoré, José Armando Resende, disse que o crime estarreceu a população de Patos de Minas, já que a família de Higor é bastante conhecida na cidade. “Infelizmente, as pessoas não falam em outra coisa. O clima está péssimo, principalmente porque o Beto é muito querido. Todos estão muito chocados. Apesar de fatos como esse serem comuns no Brasil, é quando ocorre com uma pessoa próxima que sentimos mais”, afirma José Armando. O Mamoré emitiu uma nota de pesar pelo falecimento do casal.
Ainda segundo o pai de Higor, o filho tinha marcado de levar um funcionário em Belo Horizonte por volta de meio-dia no sábado, mas o tempo foi passando e ele não deu notícias. Segundo a PM, amigos do jovem assassinado também acharam a situação estranha e foram até a casa dele, onde encontraram a residência fechada, mas com algumas luzes acesas.
ARROMBAMENTO
Na quarta-feira passada, a casa de Higor e Rafaela já tinha sido alvo de uma tentativa de arrombamento, o que motivou o casal a contratar a instalação de uma cerca de proteção que ainda não tinha sido colocada. O jovem costumava guardar dinheiro em casa e mantinha cerca de R$ 5 mil no momento do crime, de acordo com informações repassadas pelos amigos à PM. Duas televisões e uma caminhonete S-10 placa do casal foram levados, indícios que levantam a possibilidade de um latrocínio. Duas motocicletas suspeitas foram vistas na região, mas até o fechamento desta edição não havia pistas sobre o paradeiros dos suspeitos e ninguém foi preso.
.