A estreia do Viaduto Santa Tereza, em Belo Horizonte, como palco, aos domingos, de cultura, diversão, gastronomia, lazer e trança-trança de gente teve aprovação de todas as gerações e o compromisso de repetir a dose uma vez por mês – a próxima edição do Festival Cidade Viva está marcada para 21 de fevereiro. Das 9h às 17h, a estrutura erguida na década de 1920, ligando o Centro aos bairros Santa Tereza e Floresta, na Região Leste, recebeu cerca de 3 mil pessoas, que curtiram o sol, depois de tantos dias de chuva, e atrativos como peças infantis e fanfarra de jazz, em dois espaços distintos. Já na Praça da Liberdade, um piquenique para celebrar a moda do século passado fez a festa com guloseimas, música e descontração.
Na entrada da Rua da Bahia com Rua dos Tamoios, famílias inteiras eram recebidas por quatro jovens trajados com roupas da época da construção do viaduto dono de muita história e, com seus dois arcos, foi citado em livros memoráveis como O encontro marcado, de Fernando Sabino. “Estou adorando este vestido, é bem bonito. Acho até que vou dar uma voltinha com ele na Avenida Afonso Pena”, afirmou, encarnando com humor a personagem, Débora Cardoso, de 20 anos, ao lado dos amigos de suspensórios e chapéu coco Gabriel Matos e Thiago Fonseca, ambos de 19, e de Thamiris Fiorino, de 28, também esbanjando charme no vestido longo.
“Está supimpa!”, exclamou a moradora da Cidade Jardim, na Região Centro-Sul, Lúcia Martins, usando uma expressão de outros tempos. “O domingo fica uma delícia, bom para passear, caminhar”, acrescentou. Organizado pelo empresário Fabiano Prata, via Lei Federal de Incentivo à Cultura, e apoio da Prefeitura de Belo Horizonte/Fundação Municipal de Cultura (PBH/FMC), o projeto, com entrada franca, teve, no palco Kids, a apresentação do musical Frozen, deixando a criança e os papais felizes da vida. O outro palco ganhou o nome de Santê em homenagem ao Bairro Santa Tereza, explicou Prata.
ELEFANTE E FOGUETE Admirando o filho Davi César, de 3 anos, dar asas à imaginação na oficina de pintura, a comissária de bordo Ana Paulo Nascimento Costa, moradora do Bairro Santa Tereza, disse que o fechamento do viaduto, aos domingos, é mais do que oportuno.
“Acho que poderia ter começado há mais tempo. A capital tem poucas opções de lazer, em especial nos fins de semana, para levar as crianças. “Está fantástico”, resumiu. Depois de aprovar a obra de arte no cavalete, o pequeno artista Davi César mostrou o resultado: “Pintei de tudo, elefante, foguete...”
Residente no Bairro Camargos, na Região Noroeste, o casal Carlos Faria, gerente de logística, e Lídia Lucas de Almeida, funcionária pública, levou a filha Rafaela, de 5, para conhecer a novidade. “É uma iniciativa diferente, bem-organizada, ambiente legal”, disse Carlos, enquanto a menina, de maria-chiquinha nos cabelos, gastava (quase) todas as energias no pula-pula.
AJUSTES Para outros moradores, são necessários alguns ajustes para o festival ficar 100%. Um deles está nas laterais do palco Kids, que ficou congestionado com os carrinhos de bebê, pais com crianças nos braços e no pescoço, vovós reclamando e artistas apressados para chegar ao palco Santê. A solução encontrada pelos seguranças foi liberar outra passagem, o que resolveu o problema e trouxe alívio.
O presidente da FMC, Leônidas Oliveira, gostou do que viu e lembrou que a ideia do fechamento do viaduto, aos domingos, surgiu durante a Virada Cultural, quando o local foi um dos pontos de ocupação dos shows que mobilizaram a cidade durante 24 horas. Ele explicou que houve entendimento com os organizadores para o festival terminar uma hora antes, a fim de não atrapalhar o já tradicional Duelo de Mcs, realizado às 18h, sob o viaduto. “Nossa proposta é expandir o fechamento para toda a Zona Cultural da Praça da Estação, incluindo o viaduto, sempre aos domingos. Isso está em estudos, merecendo inclusive um projeto da BHTrans de impactos no trânsito”, afirmou Leônidas, lembrando que as intervenções poderão ocorrer também em outras áreas, como a Pampulha.
Piquenique à moda antiga
Perto dali, Tássara Tiago, de 24, de Santa Luzia, na Grande BH, confraternizou com as irmãs Gabriella, de 17, e Ana Clara Carvalho, de 13, e o amigo Jeferson José Nogueira, de 23, de Divinópolis, na Região Centro-Oeste. “Estamos com roupas de todos os tempos”, disse Jeferson. Especialista em organizar piqueniques temáticos, Cristina Coutinho, do Bairro Santo Antônio, na Centro-Sul, atendeu prontamente ao chamado e levou até um copo dourado meio vintage para enfeitar a mesa improvisada. A amiga Cleuza Marinho também curtiu e as duas fizeram amizade com a artista plástica e pedagoga Mara Tou, acompanhada do filho Victor Tou, animando uma roda de violão. “Piquenique é bom para socializar”, revelou Mara. .