A estreia do Viaduto Santa Tereza, em Belo Horizonte, como palco, aos domingos, de cultura, diversão, gastronomia, lazer e trança-trança de gente teve aprovação de todas as gerações e o compromisso de repetir a dose uma vez por mês – a próxima edição do Festival Cidade Viva está marcada para 21 de fevereiro. Das 9h às 17h, a estrutura erguida na década de 1920, ligando o Centro aos bairros Santa Tereza e Floresta, na Região Leste, recebeu cerca de 3 mil pessoas, que curtiram o sol, depois de tantos dias de chuva, e atrativos como peças infantis e fanfarra de jazz, em dois espaços distintos. Já na Praça da Liberdade, um piquenique para celebrar a moda do século passado fez a festa com guloseimas, música e descontração.
“Está supimpa!”, exclamou a moradora da Cidade Jardim, na Região Centro-Sul, Lúcia Martins, usando uma expressão de outros tempos. “O domingo fica uma delícia, bom para passear, caminhar”, acrescentou. Organizado pelo empresário Fabiano Prata, via Lei Federal de Incentivo à Cultura, e apoio da Prefeitura de Belo Horizonte/Fundação Municipal de Cultura (PBH/FMC), o projeto, com entrada franca, teve, no palco Kids, a apresentação do musical Frozen, deixando a criança e os papais felizes da vida. O outro palco ganhou o nome de Santê em homenagem ao Bairro Santa Tereza, explicou Prata. Delícias gastronômicas em 15 food trucks e cinco food bikes, oficinas de arte e de brinquedos retrô, pula-pula para a garotada e outras atividades encheram os olhos de moradores e visitantes ansiosos pelo bis.
ELEFANTE E FOGUETE Admirando o filho Davi César, de 3 anos, dar asas à imaginação na oficina de pintura, a comissária de bordo Ana Paulo Nascimento Costa, moradora do Bairro Santa Tereza, disse que o fechamento do viaduto, aos domingos, é mais do que oportuno.
“Acho que poderia ter começado há mais tempo. A capital tem poucas opções de lazer, em especial nos fins de semana, para levar as crianças. “Está fantástico”, resumiu. Depois de aprovar a obra de arte no cavalete, o pequeno artista Davi César mostrou o resultado: “Pintei de tudo, elefante, foguete...”
Residente no Bairro Camargos, na Região Noroeste, o casal Carlos Faria, gerente de logística, e Lídia Lucas de Almeida, funcionária pública, levou a filha Rafaela, de 5, para conhecer a novidade. “É uma iniciativa diferente, bem-organizada, ambiente legal”, disse Carlos, enquanto a menina, de maria-chiquinha nos cabelos, gastava (quase) todas as energias no pula-pula.
AJUSTES Para outros moradores, são necessários alguns ajustes para o festival ficar 100%. Um deles está nas laterais do palco Kids, que ficou congestionado com os carrinhos de bebê, pais com crianças nos braços e no pescoço, vovós reclamando e artistas apressados para chegar ao palco Santê. A solução encontrada pelos seguranças foi liberar outra passagem, o que resolveu o problema e trouxe alívio.
O presidente da FMC, Leônidas Oliveira, gostou do que viu e lembrou que a ideia do fechamento do viaduto, aos domingos, surgiu durante a Virada Cultural, quando o local foi um dos pontos de ocupação dos shows que mobilizaram a cidade durante 24 horas. Ele explicou que houve entendimento com os organizadores para o festival terminar uma hora antes, a fim de não atrapalhar o já tradicional Duelo de Mcs, realizado às 18h, sob o viaduto. “Nossa proposta é expandir o fechamento para toda a Zona Cultural da Praça da Estação, incluindo o viaduto, sempre aos domingos. Isso está em estudos, merecendo inclusive um projeto da BHTrans de impactos no trânsito”, afirmou Leônidas, lembrando que as intervenções poderão ocorrer também em outras áreas, como a Pampulha.
Piquenique à moda antiga
Perto dali, Tássara Tiago, de 24, de Santa Luzia, na Grande BH, confraternizou com as irmãs Gabriella, de 17, e Ana Clara Carvalho, de 13, e o amigo Jeferson José Nogueira, de 23, de Divinópolis, na Região Centro-Oeste. “Estamos com roupas de todos os tempos”, disse Jeferson. Especialista em organizar piqueniques temáticos, Cristina Coutinho, do Bairro Santo Antônio, na Centro-Sul, atendeu prontamente ao chamado e levou até um copo dourado meio vintage para enfeitar a mesa improvisada. A amiga Cleuza Marinho também curtiu e as duas fizeram amizade com a artista plástica e pedagoga Mara Tou, acompanhada do filho Victor Tou, animando uma roda de violão. “Piquenique é bom para socializar”, revelou Mara.