Nascida em Araxá, Rafaela tinha dois pais, como o avô gosta de ressaltar. O biológico, Alex Giordani, que é empresário, e o padrasto, Paulo Henrique Cruvinel, servidor do Judiciário.
“O casamento foi uma festa linda, a mãe dela fez de tudo para o momento ser mágico, único na história da filha. Ela tinha uma vida inteira pela frente, com um incrível potencial”, acrescenta o avô João D’Eluz, que é advogado, assim como a filha. Ele lembra um momento em que as três gerações da família estiveram em um Tribunal do Júri. “Foi em novembro. Eu e minha filha atuando, e a Rafaela nos auxiliando. O juiz e o promotor destacaram o fato. De tão empolgada e atuante, ela chegou a ser chamada de doutora”, ressalta o avô. O padrasto, que é pai da irmã mais nova de Rafaela, lembra quais as características que vão ficar na memória da família. “O que fica é a criança muito alegre e divertida e a dor de perder um ente tão querido. Estamos agora aguardando o trabalho da Polícia Civil”, afirma Paulo Cruvinel.
INVESTIGAÇÃO O delegado responsável pelo caso, Sandro Negrão, ainda não descarta nenhuma das duas principais hipóteses para a morte do casal.
A reportagem do EM conversou com uma vizinha do casal que ouviu alguns gritos na casa por volta de 13h. “Isso foi pouco antes de eu sair de casa. Quando eu saí, a caminhonete S-10 que foi roubada estava em casa. Quando voltei, por volta de 16h, já não estava mais”, afirma ela, que pediu para não ser identificada. A vizinha lembra ainda que viu duas motos suspeitas na rua de Higor e Rafaela na última quinta-feira, um dia depois de uma tentativa de arrombamento da casa dos dois. Inclusive, metade da cerca de concertina que Higor comprou depois da tentativa de furto já tinha sido colocada em cima do muro da casa no Bairro Veredas do Belvedere.
Entrevista
João D’Eluz, de 63 anos, advogado, avô da Rafaela.
Mesmo consternado com a morte da neta, João D’Eluz deu entrevista ao EM e não esconde a tristeza pelo futuro interrompido do casal
O senhor chegou a entrar no local do crime?
Sim, fui lá e vi tudo revirado. Nunca aconteceu, na história de Araxá, um crime com essa atrocidade. É duro demais, você nem imagina o que estamos passando neste momento.
Como era a vida de recém-casada da Rafaela?
Ela estava praticamente vivendo no mundo das maravilhas. No fim de ano, reunimos a família na casa dela e comemoramos as festas. Estava começando uma vida promissora. Os dois tinham uma visão extremamente empreendedora e ela ainda estudava para ser uma advogada. Eles tinham o mundo pela frente.
Qual lembrança da sua neta vai ficar na memória?
Ela tinha um costume de chegar perto de mim e bagunçar o meu cabelo todo para me amolar, brincar comigo. Depois, ela virava e falava: ‘Bença, vô!’. Ela tinha um sorriso lindo, parecia uma boneca de tão bonita. .