A condição ambiental do Rio Doce é péssima em 650 quilômetros de área. É o que aponta um laudo divulgado pela Fundação SOS Mata Atlântica, divulgado nesta terça-feira. Entre os dias 6 e 12 de dezembro do ano passado, a equipe percorreu os municípios afetados pelo rompimento da barragem da Samarco para coletar sedimentos para análises laboratoriais. O material foi usado para monitorar a qualidade do Rio Doce e afluentes atingidos pelos rejeitos de minério.
Conforme a Fundação, a expedição passou por 29 cidades, coletando 29 amostras de lama e água para análise em laboratório, considerando 18 pontos em campo. Destes, 16 apresentaram Índice de Qualidade da Água (IQA) péssimo e dois tiveram índice regular.
A coordenadora da Rede das Águas da Fundação SOS Mata Atlântica, Malu Ribeiro, afirma que em todo o trecho percorrido e analisado pela equipe a água está imprópria para o consumo humano e de animais. Foram encontradas amostras de metais pesados como alumínio, cobre e manganês acima do permitido pela legislação.
O estudo também aponta que a turbidez e o total de sólidos em suspensão no Rio Doce estão em concentrações muito acima do que estabelece a legislação. Ela variou de 5.150 NTU (Nephelometric Turbidity Unit, unidade usada na medição da turbidez) na região de Bento Rodrigues e Barra Longa, à 1.220 NTU em Ipatinga, no Vale do Aço, aumentando gradativamente na região da foz, em Regência, no Espírito Santo. Conforme Malu, O máximo aceitável deveria ser de 40 NTU.
“Infelizmente, as chuvas acabam por arrastar mais lama para o leito do rio e a situação tende a ficar ainda mais complicada. A lama e os metais pesados não mascararam ou diminuíram as concentrações de poluentes provenientes de esgoto sem tratamento e de insumos agrícolas”, afirma a coordenadora.
Malu também ressalta que o Rio Doce já apresentava uma condição precária antes do rompimento da barragem em Mariana. “Agora, com base no monitoramento que vem sendo realizado de forma independente pela sociedade e por autoridades, esperamos que seja possível planejar ações de recuperação de médio e longo prazo para a bacia”, concluiu.