Investigações reforçam tese de latrocínio no caso do casal assassinado em Araxá

Entre os fatos já apurados, polícia encontrou duas joias que Rafaela escondeu na barra da calça antes de ser morta e o comportamento de Higor, que costumava guardar grandes quantias de dinheiro em casa

Guilherme Paranaiba - Enviado especial
O empresário Higor Humberto Fonseca de Sousa, de 26 anos, e a mulher dele, a estudante Rafaela D'Eluz Giordani, de 21, foram encontrados mortos dentro de casa - Foto: Álbum de Família

ARAXÁ
— Pelo menos quatro fatos fazem com que a Polícia Civil de Araxá, no Alto Paranaíba, acredite mais na possibilidade de um latrocínio para o assassinato do empresário Higor Humberto Fonseca de Sousa, de 26 anos, e da mulher dele, a estudante Rafaela D'Eluz Giordani, de 21, no sábado, do que em uma execução motivada por vingança.

Primeiramente, o delegado Sandro Negrão, responsável pelas investigações, aposta mais no roubo seguido de morte porque, em casos de execução, os bandidos costumam usar arma de fogo. Higor foi morto com mais de 100 facadas por todo o corpo e Rafaela com 12, todas no pescoço. Outro fato que aponta para esta direção é a casa ter sido encontrada completamente revirada.

Também entram na conta o comportamento de Higor, que costumava esbanjar dinheiro e tinha costume de guardar quantias elevadas em casa, e uma atitude de Rafaela antes de morrer. Segundo a polícia, ela guardou a aliança de casamento e uma pulseira na barra da calça. "Mesmo amarrada, a Rafaela conseguiu esconder as duas joias. Isso pode ter sido uma tentativa de evitar que dois objetos importantes fossem roubados," afirma o delegado.

A Polícia Civil sabe que Higor tinha um comportamento extrovertido e gostava muito de mostrar que tinha boas condições financeiras.
Uma pessoa que prefere não se identificar e conhecia o rapaz afirma que ele gostava de andar com dinheiro vivo. "Ele não andava com menos de R$ 2 mil no bolso", afirma. "O Higor também costumava guardar dinheiro em casa e muita gente sabia disso", conta um funcionário de uma loja perto da empresa do jovem, a empresa Araxá Radiadores, que ontem permaneceu fechada pelo segundo dia consecutivo. Uma folha de papel foi pregada na porta, anunciando o luto. A firma é uma filial da loja do pai de Higor em Patos de Minas, Geraldo Humberto de Sousa.

CASA REVIRADA A informação de que Higor manipulava e guardava muito dinheiro tem relação direta com outra razão que leva a polícia a acreditar mais na hipótese de latrocínio. A casa estava completamente revirada no momento em que a Polícia Militar chegou. Na cozinha e na sala nada estava no seu devido lugar. Vários objetos foram espalhados pelo chão. "Eu imagino que foi isso. Alguém entrou porque sabia que tinha dinheiro e revirou tudo à procura do máximo de coisas possível, " acrescenta o delegado.

A reportagem esteve ontem em uma casa ao lado a residência onde houve o crime, no Bairro Veredas do Belvedere, e encontrou uma escada que a polícia acredita ter sido usada pelos bandidos para alcançar a varanda da moradia do casal. Alguns objetos que também foram espalhados, como garrafas, ainda permaneciam acondicionados em sacolas.

Pelas investigações feitas até agora, a polícia acredita que os criminosos encontraram primeiro Rafaela, que pode ter sido amordaçada para que não alertasse o marido quando ele chegasse. A polícia também avalia que, por ter porte físico avantajado, Higor tenha tentado reagir ao assalto.
A teoria é reforçada por marcas de sangue encontradas em uma das paredes do banheiro, onde o corpo do rapaz estava.

"Se fosse para matar um cara forte como ele, você não entraria com uma faca. O mais provável seria arma de fogo. Com faca é muito arriscado, mas é claro que tudo é possível", completa o delegado. A presença de pó de café misturado com água e espalhado por vários pontos da casa, além de açúcar no corpo de Rafaela e fubá no corpo de Higor, não dizem nada para a polícia, conforme o delegado..