A barragem do Fundão, da mineradora Samarco, em Mariana, apresentou um deslocamento de terra no começo da tarde desta quarta-feira – foi o primeiro deslizamento desde o episódio que marcou o maior desastre ambiental da história do país, há quase três meses.
O responsável pela Defesa Civil detalha que esses materiais acumulados são sedimentos do vazamento anterior, em 5 de novembro, que matou 17 pessoas, deixou duas desaparecidas, arrasou comunidades e provocou o colapso no abastecimento das cidades às margens do Rio Doce.
Em nota, a Samarco informou que aconteceu uma “movimentação de parte da massa residual da Barragem de Fundão devido as chuvas das últimas semanas”. Informou que seguiu o Plano de Emergência e evacuou o local.
A Samarco confirmou à prefeitura de Mariana que os funcionários foram retirados do local por motivo de segurança. Ainda citada pela prefeitura, a mineradora minimizou o incidente, qualificando o vazamento como de "volume pequeno". A Samarco descartou risco de que esse material siga adiante nos cursos d´água e disse que não há motivo para pânico.
O promotor Carlos Eduardo Ferreira Pinto, coordenador do Núcleo de Combate aos Crimes Ambientais do Ministério Público de Minas Gerais, mandou deslocar uma equipe ao local para apurar o novo incidente. Profissionais da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável também estão a caminho.
Obras de construção
De acordo com o tenente do Corpo de Bombeiros Leonard Farah, um dos coordenadores da operação de resgate nas áreas atingidas, a corporação não foi acionada. O vazamento ocorreu dentro da própria barragem e não chegou a atingir cursos d'água. “Não fomos acionados. Quando ficamos sabendo, entramos em contato com a Samarco, que informou que estavam sendo feitas obras para a construção do dique de contenção para evitar que a lama caia no Rio Doce. Como está chovendo muito na região, houve um deslizamento desse rejeito que já havia sido movimentado. Foi uma réplica sem gravidade e sem rompimento do barramento”, afirma.
No momento do rompimento, nenhum militar trabalhava nas buscas em Bento Rodrigues. “Militares de Ouro Preto estão fazendo buscas pontuais quando são acionados pela empresa.
O DNPM foi informado pela própria Samarco sobre o evento. “Recebemos uma ligação da empresa em que explicaram que foi um evento de pequena magnitude. O que nos foi informado é que aconteceu apenas um deslocamento do rejeito remanescente internamente na própria barragem. Não chegou nem a Santarém, segundo a empresa”, explicou Paulo Ribeiro de Santana, ouvidor e assessor de imprensa do Departamento. “A situação foi provocada, nos informou a Samarco, pelo grande índice pluviométrico na região”, completou. Um relatório deve ser enviado ainda hoje para o órgão por parte da mineradora.
Sobre o alerta amarelo
A situação de emergência é iniciada, segundo a portaria do DNPM, quando “for constatada, a qualquer momento, anomalia que resulte na pontuação máxima de 10 (dez) pontos em qualquer coluna do quadro de estado de conservação referente a categoria de risco da barragem de mineração, ou quando há qualquer outra situação com potencial comprometimento de segurança da estrutura. A emergência é classificada de níveis de um a três, sendo que o último é quando há ruptura ou iminência.
(Com Sandra Kieffer, Paula Carolina e João Henrique do Vale).