Barragem do Fundão, em Mariana, tem deslocamento de terra e Samarco aciona alerta

Defesa Civil foi avisada pela Samarco, que acendeu o alerta amarelo - a área foi esvaziada, conforme protocolo de segurança

Daniel Camargos


A barragem do Fundão, da mineradora Samarco, em Mariana, apresentou um deslocamento de terra no começo da tarde desta quarta-feira – foi o primeiro deslizamento desde o episódio que marcou o maior desastre ambiental da história do país, há quase três meses.

De acordo com o chefe da Defesa Civil de Mariana, Welbert Stopa, o órgão foi avisado pela empresa, que adotou o alerta amarelo. Stopa afirma que não há vítimas, mas que, seguindo a legislação, os funcionários tiveram que sair do local. "Teve um deslocamento de massa. Foi material acumulado que vazou", afirma Stopa. Boletim da Samarco enviado ao Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) indicava a presença de 150 trabalhadores no local no momento do vazamento.

O responsável pela Defesa Civil detalha que esses materiais acumulados são sedimentos do vazamento anterior, em 5 de novembro, que matou 17 pessoas, deixou duas desaparecidas, arrasou comunidades e provocou o colapso no abastecimento das cidades às margens do Rio Doce.

Em nota, a Samarco informou que aconteceu uma “movimentação de parte da massa residual da Barragem de Fundão devido as chuvas das últimas semanas”. Informou que seguiu o Plano de Emergência e evacuou o local.
“Não houve a necessidade de acionamento de sirene por parte da empresa. As defesas civis de Mariana e Barra Longa foram devidamente informadas”, disse. Sobre a situação das outras barragens, Germano e Santarém, informou que elas “permanecem estáveis com base no continuo monitoramento.

A Samarco confirmou à prefeitura de Mariana que os funcionários foram retirados do local por motivo de segurança. Ainda citada pela prefeitura, a mineradora minimizou o incidente, qualificando o vazamento como de "volume pequeno". A Samarco descartou risco de que esse material siga adiante nos cursos d´água e disse que não há motivo para pânico.

O promotor Carlos Eduardo Ferreira Pinto, coordenador do Núcleo de Combate aos Crimes Ambientais do Ministério Público de Minas Gerais, mandou deslocar uma equipe ao local para apurar o novo incidente. Profissionais da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável também estão a caminho.

Obras de construção
De acordo com o tenente do Corpo de Bombeiros Leonard Farah, um dos coordenadores da operação de resgate nas áreas atingidas, a corporação não foi acionada. O vazamento ocorreu dentro da própria barragem e não chegou a atingir cursos d'água. “Não fomos acionados. Quando ficamos sabendo, entramos em contato com a Samarco, que informou que estavam sendo feitas obras para a construção do dique de contenção para evitar que a lama caia no Rio Doce. Como está chovendo muito na região, houve um deslizamento desse rejeito que já havia sido movimentado. Foi uma réplica sem gravidade e sem rompimento do barramento”, afirma.

No momento do rompimento, nenhum militar trabalhava nas buscas em Bento Rodrigues. “Militares de Ouro Preto estão fazendo buscas pontuais quando são acionados pela empresa.
Então, não tinha nenhum bombeiro no local”, disse Farah.

O DNPM foi informado pela própria Samarco sobre o evento. “Recebemos uma ligação da empresa em que explicaram que foi um evento de pequena magnitude. O que nos foi informado é que aconteceu apenas um deslocamento do rejeito remanescente internamente na própria barragem. Não chegou nem a Santarém, segundo a empresa”, explicou Paulo Ribeiro de Santana, ouvidor e assessor de imprensa do Departamento. “A situação foi provocada, nos informou a Samarco, pelo grande índice pluviométrico na região”, completou. Um relatório deve ser enviado ainda hoje para o órgão por parte da mineradora.

Sobre o alerta amarelo
A situação de emergência é iniciada, segundo a portaria do DNPM, quando “for constatada, a qualquer momento, anomalia que resulte na pontuação máxima de 10 (dez) pontos em qualquer coluna do quadro de estado de conservação referente a categoria de risco da barragem de mineração, ou quando há qualquer outra situação com potencial comprometimento de segurança da estrutura. A emergência é classificada de níveis de um a três, sendo que o último é quando há ruptura ou iminência.

(Com Sandra Kieffer, Paula Carolina e João Henrique do Vale)

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