Fabiano deixou um filho de 7 anos. Ele começaria a construir uma casa em fevereiro. “E havia comprado um Palio há cerca de 10 dias. Queria passear com o garoto”, contou, abalado, Fábio da Luz, de 34.
Já Alexandro era pai de dois garotos – de 15 e 5 anos – e de uma menina – de 3. Com veia de empreendedor, planejava comprar a terceira van. Ele foi caminhoneiro por muito tempo. Há dois anos, desistiu de ganhar a vida na boleia “porque temia os perigos das estradas”, segundo relato do pai, seu João Evangelista. “Meu filho conhecia o Brasil de cabo a rabo. Deixou de ser caminhoneiro e comprou duas vans. Por ironia, perdeu a vida por causa de um caminhão que, dizem, sem freios. Ele fazia o transporte diário de detentos que cumpriam pena em Ribeirão das Neves e trabalhavam (com autorização judicial) em BH.”
Fabiano trabalhava como motorista da outra van de Alexsandro. Ontem, como de costume, os dois acordaram de madrugada, tomaram café e saíram por volta das 4h. Foram às penitenciárias, embarcaram os detentos e os deixaram no Bairro Sion (Centro-Sul da capital).
COMOÇÃO Cada primo conduziu um veículo. No início da manhã, decidiram voltar para casa e aguardar o horário de retornar ao batente. Fabiano deixou a van que dirigia no Sion para economizar combustível e embarcou na do primo. O veículo interrompeu a viagem, minutos depois, ao ser atingido pelo caminhão desgovernado. Alexsandro e Fabiano morreram na hora. Familiares e amigos foram ao IML conhecer os corpos. Emocionados, choraram. Os corpos serão sepultados hoje – as famílias não divulgaram em quais cemitérios.