A Polícia Civil, por meio da Delegacia Especializada de Proteção a Criança e ao Adolescente (Depca), revelou nessa quinta-feira detalhes da investigação que levaram à prisão dos dois motoristas de transporte escolar que em dezembro foram denunciados por abuso sexual de crianças. Apesar das coincidências, os dois homens não têm qualquer ligação. O primeiro transportava crianças na Pampulha e na Região Noroeste de Belo Horizonte. O segundo trabalhava na Região Oeste da capital.
Contra um dos motoristas foram instaurados três inquéritos, que começaram ser investigados no fim do ano passado, e ainda há um registro de 2009, que havia sido arquivado, mas que também será apurado. As vítimas do primeiro motorista, segundo as delegadas Iara França e Thais Degani, são todas meninas, e têm 2, 4, e 8 anos, respectivamente. Já no caso de 2009, a denúncia é de abusos cometidos contra uma garota de 5 anos à época.
“Em 1º de dezembro, os pais da menina de 4 anos foram até a delegacia e denunciaram o motorista da van escolar por violência sexual. Surgiram lesões nas partes íntimas da criança e exames constaram se tratar de HPV, uma doença sexualmente transmissível”, informaram as delegadas. Segundo elas, em conversa com uma psicóloga da Depca e funcionários do Instituto Médico Legal (IML), a menina deu detalhes dos abusos.
A denúncia contra o segundo acusado foi feita pelos pais de uma menina de 7 anos. Eles contaram que a criança mudou drasticamente o comportamento, passou a morder as pessoas, comer compulsivamente e sofrer crises de pânico. Em uma conversa com a avó, ela revelou que vinha sendo molestada pelo motorista do transporte escolar.
Os parentes da menina abusada em 2009 acompanharam a apresentação na manhã dessa quinta-feira e ficaram indignados com a falta de investigação da denúncia que fizeram há sete anos. Um tio disse que, além da queixa na polícia, eles procuraram a BHTrans, mas nenhuma providência foi tomada. Somente na quarta-feira, com as novas denúncias e prisão dos motoristas, é que eles ficaram sabendo que o inquérito havia sido arquivado. “Se tivessem investigado, esses novos casos poderiam ter sido evitados”, desabafou o parente.
Os dois homens negaram as acusações. Um deles disse que foi denunciado "porque os pais não queriam pagar as mensalidades do transporte escolar e, como ele se negou, decidiram fazer a queixa."