Pontes caem com chuva, interditam estradas e deixam comunidades isoladas em MG

Temporal que atingiu a Zona da Mata e a Região Central do estado de quarta para quinta-feira deixou moradores desalojados, inundou municípios e causou prejuízos

João Henrique do Vale

Moradores de cidades da Zona da Mata e da Região Central de Minas passam esta quinta-feira limpando o que restou de casas e contando os prejuízos provocados durante um temporal que atingiu os locais na noite de quarta-feira e nesta madrugada.
A força da água derrubou pontes, árvores e barrancos, deixou comunidades rurais ilhadas, moradores desabrigados e desalojados, e impediu o trânsito em estradas. A chuva atingiu Santos Dumont, Tabuleiro, Piau, São João Nepomuceno, na Zona da Mata; e Santa Bárbara do Tugúrio e Barbacena, na Região Central. Dessas, pelo menos três prefeituras já adiantaram que vão decretar situação de emergência nos próximos dias.

Uma das cidades mais atingidas foi Santa Bárbara do Tugúrio. O temporal começou por volta das 2h e fez o Rio Pomba, que corta o município, transbordar. Pelo menos cinco pontes desabaram e deixaram comunidades ilhadas. “Pelo menos em 30 casas os moradores perderam quase tudo.
Cinco pontes, que ligam as comunidades de Fernandes, Boa Vista, Antunes, Maquerengue, foram levadas pela água. Já tivemos enchentes aqui, mas estragos igual aos de hoje é a primeira vez”, desabafou o prefeito Vicente Paulo da Silva.

O administrador municipal já disponibilizou aluguel social para colocar os moradores que perderam as casas e outros que moram em áreas de risco. “Estamos fazendo os levantamentos de quantas pessoas estão desalojadas e desabrigadas. Já estamos providenciando o decreto de emergência ou de calamidade”, afirmou Silva.

Motoristas que têm que passar pela MG-448, no município, terão que pegar um desvios. A ponte que dá acesso à cidade caiu e interditou a rodovia. A Polícia Militar Rodoviária (PMRv) informou que os motoristas que seguem para Ubá, Leopoldina, Muriaé, Viçosa e cidades vizinhas devem pegar a BR-040.


Santos Dumont

O temporal também deixou comunidades rurais ilhadas em Santos Dumont. Da noite de quarta-feira até a manhã desta quinta-feira, choveu um acumulado de 117 milímetros, segundo a prefeitura. O volume foi suficiente para provocar inundações, deixar moradores ilhados e causar estragos em imóveis. “O temporal atingiu mais a zona rural, como os distritos de São João da Serra e Conceição do Formoso, que juntos têm 3 mil habitantes, fora a população das fazendas, dos sítios e das granjas”, disse o prefeito Bebeto Faria.


Conceição do Formoso, que fica a aproximadamente 40 quilômetros da sede do município, está ilhada.
A chuva derrubou uma ponte de concreto que passa sobre o Rio Formoso e que dá acesso à comunidade. “Equipes estão trabalhando nas estradas e desobstruindo as passagens. Vamos tentar com o exército para ver se há uma medida paliativa para fazer no local e termos acesso ao distrito”, afirma Faria. “Já estamos fazendo o decreto de emergência, falta apenas assinar. Vamos ver se conseguimos ajuda do governo do estado”, completou.

Barbacena

A chuva em Barbacena começou por volta das 1h30 desta quinta-feira. A precipitação provocou quedas de árvores, de pontes e também deixou comunidades isoladas. “Infelizmente são perdas materiais e econômicas. Muitos moradores não conseguiram escoar a produção de leite. Em alguns trechos, a água atingiu dois metros de altura”, disse José Luiz de Sena, coordenador da Defesa Civil.


O volume de água provocou a cheia de córregos e do Rio das Mortes. Equipes da prefeitura estão nas ruas para fazer o levantamento do número de pessoas desabrigadas e desalojadas, e contar os prejuízos. “Somente depois desse balanço é que vamos poder decidir se decretaremos situção de emergência”, explicou Sena.

De acordo com o Serviço Autônomo de Barbacena (SAS) a Estação de Captação de Água Bruta no Rio das Mortes teve que ser paralisada na manhã desta quinta-feira, pois o alagamento atingiu o sistema de bombeamento da autarquia. A captação do Distrito de Correia de Almeida também está interrompido. A empresa pede que os moradores economizem e evitem o desperdício de água. Engenheiros, técnicos e servidores do órgão já trabalham para restabelecer a situação.

Piau

A chuva em Piau não foi forte. Mas a cheia do Rio Formoso provocou a inundação de parte do município. “Foi um evento atípico. Uma tromba d'água se formou na região de Conceição do Formoso e em Santos Dumont. A água acabou indo para a represa de Piau, que não comportou o volume de água e verteu para a cidade que está embaixo”, conta Paulo Henrique Carolino, coordenador da Defesa Civil municipal.

A água invadiu casas e ruas do município. Barreiras e pontes acabaram caindo. “Fiquemos literalmente ilhados. A prefeitura, junto com os bombeiros e a Defesa Civil estadual, estão desobstruindo as vias. Muitas pessoas perderam móveis e eletrodomésticos, principalmente nos bairros Paiva e Ponte”, comentou Carolino. O coordenador já adiantou que o município vai decretar situação de emergência.

Tabuleiro

Em Tabuleiro, a chuva nas cabeceiras do Rio Formoso, que nasce em Santos Dumont e no município de mesmo nome do manancial, fez a água subir rapidamente. “Por volta das 7h, o rio saiu da calha e invadiu ruas, casas, postos de saúde, centro de fisoterapia e interditou uma ponte que liga o Bairro São José. O local está ilhado”, explica Marcos José da Silva, secretário de Administração do município.

Segundo a prefeitura, a comunidade de Água Limpa está ilhada e há dezenas de desalojados. “Equipes dos bombeiros, Polícia Militar e servidores estão nas zonas rurais para averiguar a situação nas comunidades”, disse o secretário.

Em São João Nepomuceno, a água de um rio que passa pela cidade invadiu a MG-126 e interditou a rodovia. .