Em Bonfim, o dano foi no muro do Santuário do Senhor do Bonfim, construção do século 18 localizada no Centro. No sábado passado, três metros do muro centenário caíram, levando as autoridades a isolar área e obrigando bombeiros e a Defesa Civil a entrar em ação. Segundo moradores, a chuva teve sua parte nessa história, mas a responsabilidade maior é da prefeitura, que, no ano passado, iniciou a construção de banheiros públicos no local, numa iniciativa embargada.
Para fazer a construção dos sanitários, foi necessária a demolição de uma escada igualmente centenária, o que deixou a área vulnerável, sujeita a desmoronamento. Diante da agressão ao patrimônio e de um laudo, o Ministério Público foi acionado em 20 de outubro e a obra, paralisada. “Estamos preocupados com a situação, pois tememos que, com a queda do muro, a estrutura do santuário seja afetada”, disse o titular da Paróquia do Senhor do Bonfim, padre Pedro de Souza Silva. A igreja é tombada pelo patrimônio municipal.
Um morador, que prefere não se identificar, afirma que, se a prefeitura não tivesse insistido em construir os banheiros públicos, nada disso teria ocorrido.
O secretário municipal de Cultura, Esportes, Lazer e Turismo de Bonfim, Reginaldo Marcelino de Oliveira, explicou que a prefeitura tomou todas as providências e começou os reparos no muro. Na sua avaliação, a estrutura caiu devido às chuvas, e não à obra de construção dos banheiros. “Chamamos os bombeiros e a Defesa Civil, isolamos a área e agora o serviço está sendo feito”, esclareceu Reginaldo.
JOIA BARROCA O distrito de São Bartolomeu é um dos mais antigos de Ouro Preto, e, conforme estudiosos, até anterior a Vila Rica, primitivo nome da cidade reconhecida como patrimônio cultural da humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco). A população desse distrito bucólico e de doces considerados patrimônio imaterial do município está agora de “olho arregalado” na Igreja de São Bartolomeu, cujo muro está ameaçado de cair. “Ele é a base de sustentação da igreja”, diz um morador, lembrando que a obra está inscrita no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) das Cidades Histórias, embora a restauração não tenha data para começar.
De acordo com a assessoria da Prefeitura de Ouro Preto, técnicos da Defesa Civil já estiveram no local por duas vezes, verificando que não há perigo de o muro ruir. Funcionários explicam que houve um “embarrigamento” da estrutura, sem maiores riscos. O problema piorou com as chuvas dos últimos dias. “A infiltração do muro se agravou”, relata o presidente da Associação de Desenvolvimento Comunitário de São Bartolomeu, Júlio Gori. Ele cita a ocorrência de trincas na parede da Igreja.
Já em Paracatu, o problema é no Cemitério de Santa Cruz, no Centro da cidade, com mais de 100 anos. No fim de dezembro, o muro caiu na rua, embora sem deixar feridos. “A situação é grave, pois o cemitério está aberto e apenas com um tapume.