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Estado de Minas

Sem preservação, patrimônio cultural sofre com os efeitos da chuva em Minas


postado em 31/01/2016 06:00 / atualizado em 31/01/2016 07:23

(foto: Arquivo Pessoal)
(foto: Arquivo Pessoal)
As for­tes chu­vas em Mi­nas, mui­tas ve­zes as­so­ci­a­das à fal­ta de pre­ser­va­ção, pro­vo­ca­ram es­tra­gos no pa­tri­mô­nio cultural. Ci­da­des dos tem­pos co­lo­ni­ais co­mo Bon­fim, a 90 qui­lô­me­tros de Be­lo Ho­ri­zon­te, e Ou­ro Pre­to, a 95 qui­lô­me­tros, am­bas na Re­gi­ão Cen­tral, e Pa­ra­ca­tu, a 503 qui­lô­me­tros, no No­ro­es­te, tra­zem as mar­cas que dei­xam os mo­ra­do­res e de­fen­so­res do con­jun­to ar­qui­te­tô­ni­co pre­o­cu­pa­dos e em alerta. Se vi­er mais água na mes­ma in­ten­si­da­de, acre­di­tam, os efei­tos po­de­rão ser piores.

Em Bon­fim, o da­no foi no mu­ro do San­tu­á­rio do Se­nhor do Bon­fim, cons­tru­ção do sé­cu­lo 18 lo­ca­li­za­da no Centro. No sá­ba­do pas­sa­do, três me­tros do mu­ro cen­te­ná­rio caí­ram, le­van­do as au­to­ri­da­des a iso­lar área e obri­gan­do bom­bei­ros e a De­fe­sa Ci­vil a en­trar em ação. Se­gun­do mo­ra­do­res, a chu­va te­ve sua par­te nes­sa his­tó­ria, mas a res­pon­sa­bi­li­da­de mai­or é da pre­fei­tu­ra, que, no ano pas­sa­do, ini­ciou a cons­tru­ção de ba­nhei­ros pú­bli­cos no lo­cal, nu­ma ini­ci­a­ti­va embargada.

Pa­ra fa­zer a cons­tru­ção dos sa­ni­tá­ri­os, foi ne­ces­sá­ria a de­mo­li­ção de uma es­ca­da igual­men­te cen­te­ná­ria, o que dei­xou a área vul­ne­rá­vel, su­jei­ta a desmoronamento. Di­an­te da agres­são ao pa­tri­mô­nio e de um lau­do, o Mi­nis­té­rio Pú­bli­co foi aci­o­na­do em 20 de ou­tu­bro e a obra, paralisada. “Es­ta­mos pre­o­cu­pa­dos com a si­tu­a­ção, pois te­me­mos que, com a que­da do mu­ro, a es­tru­tu­ra do san­tu­á­rio se­ja afe­ta­da”, dis­se o ti­tu­lar da Pa­ró­quia do Se­nhor do Bon­fim, pa­dre Pe­dro de Sou­za Silva. A igre­ja é tom­ba­da pe­lo pa­tri­mô­nio municipal.

Um mo­ra­dor, que pre­fe­re não se iden­ti­fi­car, afir­ma que, se a pre­fei­tu­ra não ti­ves­se in­sis­ti­do em cons­truir os ba­nhei­ros pú­bli­cos, na­da dis­so te­ria ocorrido. “É um ab­sur­do fa­zer uma obra des­sas ao la­do de uma cons­tru­ção do sé­cu­lo 18. Além de tu­do, co­bri­ram com uma lona. Cheia de água, cer­ta­men­te vai vi­rar cri­a­dou­ro de mos­qui­to-da-den­gue”, afirmou.

O se­cre­tá­rio mu­ni­ci­pal de Cul­tu­ra, Es­por­tes, La­zer e Tu­ris­mo de Bon­fim, Re­gi­nal­do Mar­ce­li­no de Oli­vei­ra, ex­pli­cou que a pre­fei­tu­ra to­mou to­das as pro­vi­dên­ci­as e co­me­çou os re­pa­ros no muro. Na sua ava­li­a­ção, a es­tru­tu­ra caiu de­vi­do às chu­vas, e não à obra de cons­tru­ção dos banheiros. “Cha­ma­mos os bom­bei­ros e a De­fe­sa Ci­vil, iso­la­mos a área e ago­ra o ser­vi­ço es­tá sen­do fei­to”, es­cla­re­ceu Reginaldo.

JOIA BAR­RO­CA O dis­tri­to de São Bar­to­lo­meu é um dos mais an­ti­gos de Ou­ro Pre­to, e, con­for­me es­tu­di­o­sos, até an­te­ri­or a Vi­la Ri­ca, pri­mi­ti­vo no­me da ci­da­de re­co­nhe­ci­da co­mo pa­tri­mô­nio cul­tu­ral da hu­ma­ni­da­de pe­la Or­ga­ni­za­ção das Na­çõ­es Uni­das pa­ra a Edu­ca­ção, Ci­ên­cia e Cul­tu­ra (Unes­co). A po­pu­la­ção des­se dis­tri­to bu­có­li­co e de do­ces con­si­de­ra­dos pa­tri­mô­nio ima­te­ri­al do mu­ni­cí­pio es­tá ago­ra de “olho ar­re­ga­la­do” na Igre­ja de São Bar­to­lo­meu, cu­jo mu­ro es­tá ame­a­ça­do de cair. “Ele é a ba­se de sus­ten­ta­ção da igre­ja”, diz um mo­ra­dor, lem­bran­do que a obra es­tá ins­cri­ta no Pro­gra­ma de Ace­le­ra­ção do Crescimento (PAC) das Ci­da­des His­tó­ri­as, em­bo­ra a res­tau­ra­ção não te­nha da­ta pa­ra começar.

De acor­do com a as­ses­so­ria da Pre­fei­tu­ra de Ou­ro Pre­to, téc­ni­cos da De­fe­sa Ci­vil já es­ti­ve­ram no lo­cal por du­as ve­zes, ve­ri­fi­can­do que não há pe­ri­go de o mu­ro ruir. Fun­ci­o­ná­ri­os ex­pli­cam que hou­ve um “em­bar­ri­ga­men­to” da es­tru­tu­ra, sem mai­o­res riscos. O pro­ble­ma piorou com as chu­vas dos úl­ti­mos dias. “A in­fil­tra­ção do mu­ro se agra­vou”, re­la­ta o pre­si­den­te da As­so­ci­a­ção de De­sen­vol­vi­men­to Co­mu­ni­tá­rio de São Bar­to­lo­meu, Jú­lio Gori. Ele ci­ta a ocor­rên­cia de trin­cas na pa­re­de da Igreja.

Já em Pa­ra­ca­tu, o pro­ble­ma é no Ce­mi­té­rio de San­ta Cruz, no Cen­tro da ci­da­de, com mais de 100 anos. No fim de de­zem­bro, o muro caiu na rua, em­bo­ra sem dei­xar feridos. “A si­tu­a­ção é gra­ve, pois o ce­mi­té­rio es­tá aber­to e ape­nas com um tapume. Há gran­de umi­da­de na es­tru­tu­ra antiga. Ago­ra, fi­cou mais fá­cil en­trar e fur­tar a de­co­ra­ção dos tú­mu­los”, con­tou, alar­ma­do, um mo­ra­dor de Paracatu.


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