Enquanto as marchinhas de carnaval ecoavam alegres do Parque dos Mangabeiras, que divide o muro com a 127ª Companhia de Polícia Militar (CPM), o clima era de total tensão do lado de lá, entre os policiais convocados para combater a guerra entre as gangues das ruas Sacramento e Bandonion, que já entra no sexto dia de conflitos.
De acordo com o comandante de uma viatura, que preferiu não se identificar, dois homens armados de pistolas, sendo que um deles usava até coletes a prova de balas, andavam armados pelo Aglomerado da Serra, por volta das 13h, intimidando a população. Ao serem abordados pela viatura, os suspeitos dispararam contra o veículo, dando início ao tiroteio. Ele calcula que cerca de 30 tiros tenham sido disparados de um lado a outro, sendo que uma bala acertou o retrovisor esquerdo de uma das viaturas. Não houve feridos. “Os criminosos atiram apenas para demonstrar seu poder de fogo entre si”, diz a fonte.
No pátio da companhia, estava estacionada por alguns minutos a outra viatura atingida por cinco tiros na lateral direita, na última quarta-feira, quando um dos maiores traficantes de drogas que atuava na região, Thiago Augusto Nunes Martins, de 52, foi preso em uma BMW depois de uma perseguição policial. Desde a madrugada do dia anterior à prisão do traficante, as gangues rivais da Sacramento e da Bandonion estão em guerra declarada.
“Demos uma resposta rápida e fizemos a ocupação policial do morro. Aqui a gente trabalha atento para não deixar o tráfico se instalar”, explica um militar do Grupo Especializado de Patrulhamento de Áreas de Risco (Gepar) da Serra, que contou com reforços dos bairros Cruzeiro e Sion. “Essa situação afeta a vida dos moradores das vilas. Se um garoto do Sacramento namora uma menina do Bandonion, poderá causar problemas”, explica o policial, professor com mestrado em geografia.
Ontem, foram dois avisos de tiroteios durante a tarde, um por volta das 13 e outro à tarde, perto das 17h, quando os policiais se encaminharam para um local onde haveria armas guardadas. O helicóptero Pegasus e várias outras viaturas foram encaminhados para a região. Um morador que preferiu não se identificar disse que ouviu movimentação intensa da polícia no aglomerado. Até o fechamento desta edição, ninguém havia sido preso.