Aglomerado da Serra sofre com o sexto dia de tiroteios

Suspeitos disparam contra viatura durante uma abordagem na tarde de ontem no aglomerado, onde gangues disputam ponto de venda drogas

Sandra Kiefer - Especial para o EM Luiz Fernando Motta
Retrovisor da viatura foi atingido durante verificação de denúncia contra suspeitos - Foto: Cristina Horta/EM/DA Press

En­quan­to as mar­chi­nhas de car­na­val eco­a­vam ale­gres do Par­que dos Man­ga­bei­ras, que di­vi­de o mu­ro com a 127ª Com­pa­nhia de Po­lí­cia Mi­li­tar (CPM), o cli­ma era de to­tal ten­são do la­do de lá, en­tre os po­li­ci­ais con­vo­ca­dos pa­ra com­ba­ter a guer­ra en­tre as gan­gues das ru­as Sa­cra­men­to e Ban­do­ni­on, que já en­tra no sex­to dia de conflitos.

De acor­do com o co­man­dan­te de uma vi­a­tu­ra, que pre­fe­riu não se iden­ti­fi­car, dois ho­mens ar­ma­dos de pis­to­las, sen­do que um de­les usa­va até co­le­tes a pro­va de ba­las, an­da­vam ar­ma­dos pe­lo Aglo­me­ra­do da Ser­ra, por vol­ta das 13h, in­ti­mi­dan­do a população. Ao se­rem abor­da­dos pe­la vi­a­tu­ra, os sus­pei­tos dis­pa­ra­ram con­tra o veí­cu­lo, dan­do iní­cio ao tiroteio. Ele cal­cu­la que cer­ca de 30 ti­ros te­nham si­do dis­pa­ra­dos de um la­do a ou­tro, sen­do que uma ba­la acer­tou o re­tro­vi­sor es­quer­do de uma das viaturas. Não hou­ve feridos. “Os cri­mi­no­sos ati­ram ape­nas pa­ra de­mons­trar seu po­der de fo­go en­tre si”, diz a fonte.

No pá­tio da com­pa­nhia, es­ta­va es­ta­ci­o­na­da por al­guns mi­nu­tos a ou­tra vi­a­tu­ra atin­gi­da por cin­co ti­ros na la­te­ral di­rei­ta, na úl­ti­ma quar­ta-fei­ra, quan­do um dos mai­o­res tra­fi­can­tes de dro­gas que atu­a­va na re­gi­ão, Thi­a­go Au­gus­to Nu­nes Mar­tins, de 52, foi pre­so em uma BMW de­pois de uma per­se­gui­ção policial. Des­de a ma­dru­ga­da do dia an­te­ri­or à pri­são do tra­fi­can­te, as gan­gues ri­vais da Sa­cra­men­to e da Ban­do­ni­on es­tão em guer­ra declarada.

“De­mos uma res­pos­ta rá­pi­da e fi­ze­mos a ocu­pa­ção po­li­ci­al do morro. Aqui a gen­te tra­ba­lha aten­to pa­ra não dei­xar o trá­fi­co se ins­ta­lar”, ex­pli­ca um mi­li­tar do Gru­po Es­pe­ci­aliza­do de Pa­tru­lha­men­to de Áre­as de Ris­co (Ge­par) da Ser­ra, que con­tou com re­for­ços dos bair­ros Cru­zei­ro e Sion. “Es­sa si­tu­a­ção afe­ta a vi­da dos mo­ra­do­res das vilas.
Se um ga­ro­to do Sa­cra­men­to na­mo­ra uma me­ni­na do Ban­do­ni­on, po­de­rá cau­sar pro­ble­mas”, ex­pli­ca o po­li­ci­al, pro­fes­sor com mes­tra­do em geografia.

On­tem, fo­ram dois avi­sos de ti­ro­tei­os du­ran­te a tar­de, um por vol­ta das 13 e ou­tro à tar­de, per­to das 17h, quan­do os po­li­ci­ais se en­ca­mi­nha­ram pa­ra um lo­cal on­de ha­ve­ria ar­mas guardadas. O he­li­cóp­te­ro Pe­ga­sus e vá­ri­as ou­tras vi­a­tu­ras fo­ram en­ca­mi­nha­dos pa­ra a região. Um mo­ra­dor que pre­fe­riu não se iden­ti­fi­car dis­se que ou­viu mo­vi­men­ta­ção in­ten­sa da po­lí­cia no aglomerado. Até o fe­cha­men­to des­ta edi­ção, nin­guém ha­via si­do preso.
Carros da polícia deixam a Rua Sacramento, onde está localizada uma das facções rivais - Foto: Cristina Horta/EM/DA Press.