Quem passa todos os dias pela avenida percebe inúmeros problemas, especialmente nas calçadas, que estão mal acabadas, cheias de buracos e desniveladas, e que dão uma aparência muito ruim a uma via que deveria ser exemplo de urbanização. Pedestres correm riscos ao evitar os passeios com problemas e ao transitar na beirada das ruas. A empresa, por sua vez, diz que nunca abandonou as obras, que o contrato chegou a ser paralisado pela própria prefeitura em outubro e afirma ter sido informada que a PBH não tem mais interesse de que a Cowan conclua as intervenções.
“Essas questões de acabamento realmente precisam ser concluídas. É um final de contrato sobre que a gente vai ter que tomar uma decisão. Ou a empresa faz ou a gente faz e entra com uma ação indenizatória”, afirma o secretário de Obras de Belo Horizonte, Josué Valadão.
A maioria dos problemas está nas calçadas que ficam no sentido Centro da Pedro I, lado que teve a maior quantidade de desapropriações, e, por isso, precisou de novos passeios. Entre as estações do Move Cristiano Guimarães e Planalto, no Bairro São João Batista, na Região de Venda Nova, há um pedaço da calçada que virou um misto de pedras e terra, que, segundo moradores da região, já está desse jeito há alguns meses. Sem ter como transitar pelo passeio, resta aos moradores usar a sarjeta da rua, onde passam espremidos por carros. A maquiadora Vanessa Carvalho, de 23 anos, pega ônibus todos os dias na Estação Planalto do Move e reclama da situação, considerada precária. “Há pelo menos quatro meses está desse jeito. Eu fico pensando como fazem as pessoas que usam cadeira de rodas, idosos e mães com crianças de colo. Isso já deveria ter terminado há muito tempo. Além disso, o risco de acidente é grande ao passarmos pela rua”, afirma.
Um local que carece de acabamento há mais de um ano é a parte sob o Viaduto João Samaha, também no São João Batista. O local recebe trânsito intenso de pedestres, mas a calçada nunca foi construída. A auxiliar administrativa Margareth Santos, de 55, diz que quando chove fica com os pés cheios de barro. “Isso não está certo. Deveria ser uma coisa benfeita, com grama e cimento para que a gente pudesse caminhar com segurança e conforto”, afirma. Os problemas não se resumem apenas às calçadas. Na entrada da trincheira que dá acesso à Avenida Vilarinho pela Pedro I, o semáforo está adaptado por meio de uma gambiarra. Os seis postes que sustentam os sinais estão escorados em blocos precários de concreto e os fios passam por cima da avenida.
O secretário de Obras de BH diz que os problemas serão resolvidos antes da saída do prefeito Marcio Lacerda. “A verdade é que a empresa se desmobilizou depois da queda do viaduto. E aí fica uma série de discussões contratuais. O processo foi bastante prejudicado pelo caso do viaduto. Então, realmente é uma coisa que agora precisamos ter uma definição”, acrescenta Valadão. O secretário diz ainda que a empresa chegou a fazer algumas adequações na Avenida Portugal, mas o ajuste final ficou pendente.
Em nota, a Cowan informou que em nenhum momento se recusou a concluir as obras das avenidas Pedro I e Vilarinho e que o contrato foi paralisado pela PBH em outubro. A empresa diz ainda que, em reunião na última segunda-feira, foi informada pela Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap) que não é mais interesse da administração municipal que a Cowan finalize as obras para concluir o contrato..