O desfile do Bloco da Bicicletinha terminou em confusão entre a Polícia Militar e foliões na noite dessa quinta-feira, no Centro de Belo Horizonte. Houve registros de prisões e lançamento de bombas de efeito moral, de acordo com relatos e vídeos divulgados da página do bloco no Facebook. Segundo as informações que constam no boletim de ocorrência registrado pela PM, os policiais lançaram 14 bombas de gás e de efeito moral, além do disparo de 26 tiros de borracha e o uso de arma de choque contra as pessoas que participavam do desfile.
Depoimentos postados na rede social dizem ainda que alguns ciclistas tiveram as bicicletas danificadas. A confusão, cujo motivo ainda é desconhecido, ocorreu durante a passagem do bloco na Praça Raul Soares, no Centro da capital. O arquiteto Fernando Tourinho, de 30 anos, foi preso e levado para uma delegacia na Rua da Bahia. Ele relatou que o cortejo se concentrou da Rua Sergipe, esquina com a Avenida Brasil, no Bairro Funcionários, e quando um grupo de cerca de 700 ciclistas chegou à Praça Raul Soares, por volta de meia noite, a confusão começou.
Tourinho disse que uma viatura do Batalhão Rotam estava parada na praça e o veículo começou a se movimentar em direção aos ciclistas. "Parecia que os policiais queriam passar por dentro do bloco e muitas pessoas pediram que eles se acalmassem", contou. O arquiteto relatou ainda que pulou da bicicleta ao perceber que pudesse ser atropelado pelo veículo da PM.
O ciclista também afirmou que ele e outros integrantes do bloco se exaltaram e protestaram contra os policiais . "Fiquei muito nervoso na hora e em estado de choque. Não tem o menor sentido o que a PM fez", revelou. Em seguida, os policiais o imobilizaram e o levaram para dentro da viatura, enquanto o grupo condenava a prisão. O rapaz afirmou ter sofrido ferimentos leves nos ombros e em um dos pés em razão da ação policial.
O arquiteto foi levado para a delegacia, onde, segundo ele, alguns PMs tentaram convencê-lo a dizer que ele tinha jogado a bicicleta contra a viatura. Fernando Tourinho se negou a assumir a versão que teria sido sugerida pela corporação. Por volta das 5h30, ele foi liberado da delegacia depois de assinar um boletim de ocorrência. Ainda nesta sexta-feira, o rapaz vai ao Instituto Médico Legal (IML) para fazer exame de corpo de delito. O ciclista informou ainda que estuda processar o estado por danos morais e materiais.
VERSÃO DA POLÍCIA No boletim de ocorrência registrado por militares da Rotam, quando a viatura chegou na praça, encontrou outras duas viaturas presas em meio aos ciclistas do bloco, sendo que os policiais do 1º Batalhão e do Batalhão de Polícia de Trânsito (BPTran) estavam sendo hostilizados.
O militar responsável pela ocorrência alega que pediu ao ciclista Fernando Tourinho que liberasse a passagem da Rotam para chegar aos policiais no meio da multidão e resgatá-los, mas o caminho continuou bloqueado. Ao ligar a sirene, o policial afirma que Fernando saiu da frente, mas atirou a bicicleta no parachoque dianteiro da viatura e ela foi parar debaixo do veículo da polícia.
“Neste momento, mesmo com a presença policial, vários manifestantes começaram a arremessar pedras e garrafas nas viaturas ali presentes”, diz o relato do sargento, o que motivou a resposta, segundo ele, com equipamento de menor potencial ofensivo, como as bombas e as balas de borracha.
O ciclista Carlos Edward Campos registrou o momento da confusão. Assista às imagens:
PM responde acusações de truculência
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