Assim como há 117 anos, a concentração do Baianas Ozadas será na Praça da Liberdade, na Região Centro-Sul, e desce a Avenida João Pinheiro, que em 1899 tinha o nome de Avenida da Liberdade, e vai até a Avenida Afonso Pena. O trajeto do Baiana Ozadas vai além. No final da João Pinheiro, os foliões vão descer um quarteirão da Avenida Álvares Cabral para chegar à Afonso Pena, descer a Rua da Bahia na contramão, vão fazer uma parada na altura do Viaduto Santa Tereza para a tradicional lavagem das escadarias de acesso à Afonso Pena. Depois, continuam descendo a Rua da Bahia até chegar à Praça da Estação, onde termina a festa. “Por esse mesmo caminho passaram os trabalhadores da construção da nova capital mineira no carnaval de 1889”, disse Geo Cardoso, um dos fundadores do Baianas Ozadas.
De acordo com a pesquisa de Marcos Maia, o Diabos de Luneta gostava de variar o trajeto. Consta no documento “Carnaval e carnavalescos antigos na capital” que o clube desfilava mais de uma vez no carnaval e também fazia o percurso inverso.
Já em outro documento de Abílio Barreto, “quando o deus Momo apareceu na Cidade de Minas, antes e depois Belo Horizonte”, o trajeto do Diabos de Luneta é outro: Avenida da Liberdade, Rua Bernardo Guimarães, Rua da Bahia, Avenida Afonso Pena, Rua São Paulo, Rua dos Caetés, Avenida Amazonas, Afonso Pena, Bahia, Guajajaras e Afonso Pena de novo. Na descrição desse trajeto, consta que foram 14 carros alegóricos. “Os dois trajetos descritos na pesquisa se referem ao ano de 1899. Provavelmente, dois dias distintos de desfiles. Havia grandes sociedades que desfilavam duas vezes no mesmo carnaval”, relata pesquisa de Marcos Maia.
Em 1900, o itinerário do Diabos de Luneta foi Avenida da Liberdade, Rua Bernardo Guimarães, Rua da Bahia, Afonso Pena, Bahia novamente, Guajajaras e Praça da Liberdade, Rua Cláudio Manoel, Rua Pernambuco, Rua Santa Rita Durão, Rua “Parahyba”, Rua Gonçalves Dias, Pernambuco, Cláudio Manoel, Praça da Liberdade, Avenida da Liberdade e Afonso Pena.
Na época dos desfiles do Diabos de Luneta, a capital mineira tinha 12 mil habitantes. “Às 5 horas da tarde do primeiro dia, quando as ruas já se apinhavam de povo, subiu do barracão do Congresso, na Avenida Afonso Pena, o préstito organizado pelos Diabos de Luneta”, descreve Abílio Barreto. “Por sua vez, o Diabos de Luneta se apresentou para o tríduo barulhento e ambos (refere-se também ao Clube Diabos de Casaca) a 21 de fevereiro obtiveram da prefeitura a promessa de mandar illuminar a arcos voltaicos a Avenida da Liberdade e as ruas da Bahia, Pernambuco, Santa Rita Durão, Cláudio Manuel e outros dos bairros commerciais e dos funcionários.”
Algumas anotações históricas foram escritas de próprio punho por Abílio Barreto, como “Carnaval e carnavalescos antigos na capital”, documento que ele leu em solenidade de reabertura do Clube dos Matakins, que levou alegria aos foliões belo-horizontinos de 1903 a 1940.
Outro blocos são citados na pesquisa, como o Tarja Amarela, de 1900. “Na Rua da Bahia e na Avenida da Liberdade, fartamente illuminadas, o povo que se divertia com bisnagas e confetti e ovacionou os clubs”, descreve Barreto. Em 1901, volta a escrever sobre o Tarja Amarela. “Pelo carnaval de 1901 o povo horizontino não se divertiu menos do que nos annos anteriores, principalmente na Rua da Bahia e na Avenida da Liberdade, que se achavam vistosamente ornamentadas de arcos e bandeirolas, e fartamente iluminadas a lâmpada de arcos voltaicos.”
Em 1902, mais relatos de Barreto sobre o Tarja Amarela. “O carnaval de 1902 (9, 10 e 11 de fevereiro) esteve bastante animado. Grande onda popular que repletava os pontos favoritos do nosso primitivo carnaval (Rua da Bahia e Avenida da Liberdade) abria grande claro por onde iam passando os valentes foliões.”
De acordo com Marcos Maia, o carnaval já era uma grande festa.
Outro batuque Passados 117 anos do primeiro desfile do Diabos de Luneta, o batuque que arrasta multidão pela Avenida João Pinheiro, antiga Liberdade, vem de xequerês, agogôs, timbales, surdos e caixas do Baiana Ozadas. O bloco, que sai às 13h de hoje da Praça da Liberdade, vai homenagear os 40 anos do álbum Doces bárbaros, de Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa e Maria Bethânia, de 1976. “Vamos discutir o amor em todas as suas formas, livre de preconceito de cor, de gênero e de tantos outros preconceitos”, conta Geo Cardoso, um dos fundadores..