Diferentemente do ano passado, quando o Alcova seguiu em direção à Praça da Estação, o bloco escolheu o sentido oposto. “Foi uma escolha pensando na segurança dos foliões e na nossa também”, justificou Isabela Leite, integrante da percussão do bloco.
O Alcova surgiu do encontro de músicos, poetas, artistas plásticos que trabalhavam em Santa Tereza. No carnaval de 2013, milhares de foliões se juntaram na Praça Duque de Caxias. O bloco cresceu, mas nem por isso deixou para trás sua história com o bairro. A região escolhida para o início do desfile fica no vizinho Santa Efigênia.
O Alcova Libertina desfilou com 21 músicos no trio elétrico. Eles formam a Fabulosa Banda Dionisíaca dos Libertinos. O repertório – com 41 músicas – é focado em clássicos do rock mundial.
Como o bloco também faz questão de apresentar seus princípios, ao longo do trajeto estava prevista a leitura de uma carta. “Somos a favor da legalização do aborto e da descriminalização do uso de drogas”, contou a percussionista Poliana Tuchia.
Também seguindo determinação de segurança, pela primeira vez o trio elétrico foi cercado por uma corda. Outra novidade foi um caminhão menor, que seguiu atrás do caminhão principal. O objetivo era repetir o som da Fabulosa Banda Dionisíaca dos Libertinos. “Isso faz dispersar mais o público e dá mais segurança para todos”, disse o vocalista Thiakov Davidovich.?
O desfile deste ano só foi possível graças ao apoio dos fãs. O Alcova lançou na internet campanha de financiamento coletivo e conseguiu R$ 25 mil para melhorar a estrutura.
Apesar do esforço, a qualidade sonora do início do desfile não estava das melhores. Esse é um problema frequente nos blocos de Belo Horizonte. O carnaval cresceu demais e a estrutura não acompanhou na mesma proporção. No caso do trio elétrico do Alcova Libertina, só quem conseguiu ficar próximo do caminhão era capaz de identificar as canções. Aqueles que estavam a apenas 100 metros de distância não tiveram a mesma sorte.
DIFICULDADE A advogada Renata Hargreaves, de 27 anos, encontrou o mesmo problema no desfile do bloco Então, brilha!, no sábado. Mas, para ela, a dificuldade sonora não incomoda tanto quanto a falta de banheiros. “Sábado, estávamos na Praça da Liberdade e não encontramos.
“Belo Horizonte tem um carnaval democrático. Aqui tem um pouco de São Paulo, do Rio, de Recife”, celebrou o professor José Henrique Lopes, de 33. Ele vive em São José dos Campos e desde 2013 faz questão de estar na capital mineira. “E continuarei vindo.”
Fantasias divertidas O trio formado pelo professor de inglês Antônio de Lima Júnior, o fotógrafo e publicitário Lucas Viggiani e o bailarino João Gabriel veio de Montes Claros para um carnaval ambicioso. Há três anos se divertem com a missão de elaborar e surpreender com as fantasias. Se a meta é cada dia com um figurino diferente, em 2016 começaram pelo Então, brilha! como Cleópatras. Ontem, o bloco escolhido foi o Ordináaaaaaarios. Lucas, Antônio e João compareceram como três irreverentes Brancas de Neve munidas de leques enormes.