As equipes do Estado de Minas acompanharam os principais blocos e perceberam ações da BHTrans atrasadas para o fechamento de vias e também para orientação sobre estacionamento em locais de concentração de blocos, o que trouxe dificuldades para a evolução. Esses problemas foram percebidos em grupos como o Chama o Síndico – que desfilou pela Afonso Pena na quarta-feira antes do carnaval e congestionou o trânsito no sentido Mangabeiras –, no Então, Brilha! – que bateu de frente com o trânsito no sentido contrário da Avenida do Contorno, e o Juventude Bronzeada, bloco que mais teve problemas para se deslocar pelas ruas do Bairro Floresta, Leste de BH. Com vias mais estreitas e um público que só cresce – presentes falavam em cerca de 14 mil pessoas – organizadores precisaram parar as músicas várias vezes para orientar o trajeto, repleto de veículos estacionados e sem faixas da BHTrans alertando sobre a concentração.
“Com base nos números deste ano, é óbvio que vamos ter que replanejar todas as dimensões dos blocos.
Uma das integrantes do bloco Juventude Bronzeada, Marcela Pieri diz que tem recebido inúmeros comentários destacando o sucesso do desfile, mesmo com percalços de afunilamento nas ruas da Floresta. Ela conta que o grupo está aberto ao diálogo, mas destaca que é necessário manter a autorregulação dos blocos. “É complicado fazer um trajeto que acolha multidões, porque vamos limitar o espaço e centralizar muito, o que não tem a ver com esse carnaval de BH”, diz ela. Marcela acrescenta que a festa tende a ser muito melhor e manter seu caráter de diversidade se houver apoio do poder público, mais do que determinações que engessem a folia. “A gente precisa do apoio efetivo da BHTrans para fechamento de vias. Sabemos que eles fazem isso todo domingo na Feira da Afonso Pena. Se há carros ao longo do trajeto, cria-se uma dificuldade”, afirma.
CONFRONTO Marcela ainda reclama da atuação da Polícia Militar no episódio com o Bloco da Bicicletinha, na quinta-feira antes do carnaval, na Praça Raul Soares, em que os militares encerraram a festa com bombas e balas de borracha, e pede mais atenção do Corpo de Bombeiros, que chegou a fazer várias exigências relacionadas a um plano de prevenção para os blocos.
Em nota, a BHTrans informou que quando os blocos não cumpriram o acertado “quanto ao local de concentração e ao trajeto, ou apresentaram um crescimento espontâneo acima do estimado, agentes fizeram os desvios em tempo real, buscando, com a maior agilidade possível, atender as duas demandas: a da segurança, com prioridade, e a circulação de pessoas e veículos”, diz o texto. Sobre o bloco Juventude Bronzeada, a BHTrans afirma que o itinerário só foi definido na sexta-feira, não dando tempo de confeccionar faixas de pano. Além disso, a empresa diz que houve mudança no trajeto no dia do desfile, o que obrigou os agentes a tomarem atitudes em tempo real.
Sobre o episódio com o Bloco da Bicicletinha, a PM declarou que agiu para reestabelecer a ordem na Praça Raul Soares, depois que policiais foram hostilizados e o grupo de ciclistas não quis liberar as pistas. Segundo o Corpo de Bombeiros, as determinações relacionadas aos blocos que usam trio elétrico servem para garantir a segurança e evitar acidentes, que em situação que envolve multidões podem se transformar em tragédias.