Enxurrada no Prado mata mulher; chuva provoca alagamentos em vários pontos de BH

De acordo com o Corpo de Bombeiros, a vítima foi levada pela água na Rua Diorita e não resistiu aos ferimentos. Quedas de árvores, inundações e enxurradas também foram registradas

Rodrigo Melo João Henrique do Vale

Belo Horizonte registrou na noite desta sexta-feira a primeira morte causada por enxurrada durante o período chuvoso 2015/2016.
O temporal que atinge a capital mineira desde o fim da tarde, provocou inundação na Rua Diorita, no Bairro Prado, na Região Oeste. Uma mulher foi arrastada pela correnteza e não resistiu aos ferimentos. Na Avenida Francisco Sá, que constantemente sofre com o acúmulo de água, lojas foram invadidas e comerciantes tiveram prejuízos. Veículos foram arrastados no local. No Bairro Alto Barroca, os bombeiros foram solicitados para uma ocorrência de inundação de uma casa. Quedas de árvores também foram registradas. A Defesa Civil emitiu um alerta, no fim desta tarde, para a ocorrência de chuva com ventos fortes e raios na capital e região metropolitana.
O aviso estima que pode chover um acumulado de 20 a 30 milímetros, até a manhã de sábado. A Prefeitura de Belo Horizonte lamentou a morte e disse que "está apurando as circunstâncias em que o fato ocorreu".

De acordo com o Corpo de Bombeiros, Maria Ester Ribeiro, de 59 anos, caminhava pela via, quando foi arrastada pela enxurrada. A vítima estava na Rua Diorita ao ser levada pela água. Ela ficou presa embaixo de um carro. Uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) chegou a resgatar a moradora, mas ela não resistiu aos ferimentos. Segundo os bombeiros, outras pessoas e veículos foram arrastados, porém ainda não há informações sobre mais vítimas.

A Avenida Francisco Sá se transformou em um verdadeiro rio e assustou comerciantes que convivem com o problema toda vez que chove muito forte. A vendedora Izabela Silvério Bastos, de 21 anos, ficou assustada quando a água invadiu a loja de lingerie onde trabalha há pouco tempo. “Fiquei com muito medo e fechei a porta, mas a água entrou com muita força e chegou nos fundos da loja. Precisamos correr para colocar as mercadorias em locais mais altos, para não estragar.

Segundo Izabela, uma outra funcionária da loja já está acostumada com as inundações e sabe que toda vez que a correnteza atinge a pilastra na calçada é sinal de alerta para fechar a porta e colocar a mercadoria em locais seguros. “Fiquei muito impressionada com a força da água. Ela desce levando muito lixo”, disse Izabela. Por causa da situação, o trânsito está retido na Avenida Amazonas, entre Contorno e Oscar Negrão de Lima, no Bairro Nova Gameleira, sentido Centro.

Na Rua Euclides da Cunha, funcionárias e clientes de um salão de beleza ficaram presos com a água que subia e entrava na loja. A água atingiu a marca de 10 centímetros na parede e causou apreensão entre as pessoas que ficaram ilhadas no local.
O Corpo de Bombeiros foi acionado para o resgate. Na Região Leste, algumas vias foram completamente inundadas. Segundo o Corpo de Bombeiros, um carro pode ter sido arrastado com uma pessoa dentro. Uma equipe está indo até o local para verificar a ocorrência. A Rua Padre Pedro Evangelista, no Coração Eucarístico também registra pontos de alagamentos.

As regionais Centro-Sul e Leste são as que mais registraram ventos fortes acompanhando a chuva. O Corpo de Bombeiros recebeu um chamado de inundação em uma residência, na Rua Conselheiro Saraiva, no Bairro Alto Barroca. O local fica próximo ao viaduto da Avenida Silva Lobo com Avenida Amazonas. Ainda de acordo com os militares, o perímetro está todo inundado.

Segundo o meteorologista do Inmet, Luiz Ladeia, as pancadas de chuva foram causadas por uma reversão da frente fria, que atuava sobre a Grande BH e seguia para as regiões Central e Norte de Minas. Em apenas uma hora, as estações automáticas da Pampulha e de Cercadinho registraram os maiores acumulados entre as 17h e as 18h, com 63mm e 44mm, respectivamente. "Quando chove mais de um milímetro por minuto significa que é uma chuva muito forte.
Com certeza causa riscos de inundações e estragos", comenta Ladeia.

Ainda de acordo com o meteorologista, a frente fria já formou um núcleo em cima da capital e tende a se dissipar nas próximas horas. O fim de semana deve ser parcialmente nublado, mas sem chuvas na Grande BH, que só devem voltar  na segunda-feira.

Volume de água

De acordo com a Coordenadoria Municipal de Defesa Civil (Comdec), o volume de chuva foi maior na Região Oeste. Em apenas uma hora e meia, choveu o acumulado de 89 milímetros (mm) na região. Na Região Noroeste, foram 67,4 mm, Centro-Sul, 54,4 mm, Leste, 57,8 mm, Nordeste 21 mm, Venda Nova, 20,2 mm, Pampulha, 11,8 mm, e Norte e Barreiro, 2 mm, cada uma.

Nas redes sociais, os moradores da capital mineira mostraram preocupação e surpresa com a chuva forte. “Chuva forte no Centro BH”, disse Braz Almeida. “Chuva para BH, de um jeito que não tem base”, alertou Ana Mendes. “Os motoristas em BH ficam meio loucos antes da chuva, durante e depois”, comentou Sebastião M. Neto. “Chuva agora no final da tarde em BH. Ainda bem que vim trabalhar com guarda-chuva!”, comemorou Wander Veroni. “Planejei de sair hoje e? Chuva, muita chuva! Ê BH, não pode vê um final de semana que começa a chover”, afirma Maysa Bruna.





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