BH registra primeira morte de 2016 provocada por alagamento

Mulher de 59 anos morreu no Prado após ser levada por enxurrada e ficar presa embaixo de carro durante temporal que alagou vias e imóveis em vários pontos de Belo Horizonte

João Henrique do Vale Rodrigo Melo
Na Rua Diorita, enxurrada arrastou vítima para debaixo de um Mitsubishi Outlander - Foto: Reprodução
Inundações durante temporais voltaram a matar em Belo Horizonte. Maria Ester Ribeiro, de 59 anos, foi arrastada pela correnteza na Rua Diorita, no Bairro Prado (Região Oeste), e sofreu parada cardiorrespiratória depois de ficar presa debaixo de um carro. Foi a primeira morte provocada por alagamento na capital desde dezembro de 2013, quando um homem se afogou dentro do carro após ficar submerso na Avenida Cristiano Machado, na Região da Pampulha. Além de inundar vias e imóveis, o temporal de ontem arrastou carros, derrubou árvores, provocou prejuízos a comerciantes e voltou a expor problemas de prevenção de desastres durante o período chuvoso na cidade.

Segundo o Corpo de Bombeiros, tudo indica que Maria Ester tentou atravessar a Rua Diorita, foi derrubada pela força da enxurrada e arrastada para debaixo de um Mitsubishi Outlander. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi chamado, mas, ao chegar ao local, constatou o óbito. Os bombeiros informaram ainda que outras pessoas e veículos foram arrastados em outros pontos da capital. Até o fechamento desta edição, porém, não havia confirmação de mais mortes ou pessoas feridas.

O Prado, onde ocorreu a morte, foi um dos bairros que registrou mais problemas durante a chuva no fim da tarde. Na Avenida Francisco Sá, que sofre há anos com alagamentos, lojas ficaram inundadas e comerciantes tiveram prejuízo.
A vendedora Izabela Silvério Bastos, de 21, ficou assustada quando a água invadiu a loja de lingerie onde trabalha. “Fiquei com medo e cheguei a fechar a porta, mas a água entrou com muita força e chegou aos fundos da loja. Precisamos correr para colocar as mercadorias em locais mais altos”, contou. “Fiquei muito impressionada com a força da água. Ela desce levando muito lixo”, acrescentou Izabela.



Na Rua Euclides da Cunha, funcionárias e clientes de um salão de beleza ficaram ilhados. A água atingiu a marca de 10 centímetros na parede. Houve registro de alagamento de vias em outros pontos da capital. Na Região Noroeste, a Rua Padre Pedro Evangelista, no Coração Eucarístico, também teve pontos inundados. Houve registro de vento forte nas regiões Centro-Sul e Leste. No Alto Barroca (Oeste), os bombeiros foram chamados depois que uma casa ficou inundada na Rua Conselheiro Saraiva. O local fica próximo ao viaduto da Avenida Silva Lobo com Avenida Amazonas e, segundo os militares, o perímetro ficou todo alagado. Com o temporal, houve engarrafamentos em vários pontos da capital à noite.

FRENTE FRIA Segundo o meteorologista Luiz Ladeia, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), as pancadas de chuva foram causadas por uma reversão da frente fria, que atuava sobre a Grande BH e seguia para as regiões Central e Norte de Minas. Em apenas uma hora, as estações automáticas da Pampulha e de Cercadinho registraram, entre as 17h e as 18h, 63 milímetros e 44 milímetros, respectivamente.
“Quando chove mais de um milímetro por minuto, significa que é uma chuva muito forte. Com certeza tem risco de inundações e estragos”, explicou Ladeia. Ainda de acordo com o meteorologista, a frente fria tende a se dissipar no fim de semana, que deve ser de tempo parcialmente nublado, mas sem chuvas na Grande BH.

Segundo a Coordenadoria Municipal de Defesa Civil (Comdec), o volume de chuva foi maior na Região Oeste, onde ocorreu a morte. Em apenas uma hora e meia, choveu 89 milímetros..