Nem todos os soropositivos e soropositivas sobreviventes do HIV/Aids deram conta de sair do armário em 35 anos de epidemia no mundo, assumindo publicamente sua sorologia. Ainda que a discriminação a portadores do HIV e doentes de Aids esteja proibida pela Lei Federal 12.984, assinada pela presidente Dilma Rousseff em junho de 2014, o fantasma do preconceito permanece à espreita. Portadores do vírus como a evangélica Maria* (nome fictício), de 60 anos, preferem se fazer invisíveis nos ambientes de trabalho, igrejas e universidades a ficar eternamente marcados por uma doença relacionada à promiscuidade sexual e uso de drogas. Ela pegou o vírus há 17 anos relacionando-se com o companheiro, com quem estava amigada e tinha uma filha, embora soubesse que o homem mantinha uma amante. Depois que o marido partiu com Aids, entrou em depressão, até conhecer a instituição de apoio a soropositivos Vhiver-BH, onde encontrou com quem podia conversar. O grupo fechou as portas.
Outra história que chama a atenção é a de um homem heterossexual do Sul do país que, ao fazer um check-up pedido pelo empregador, descobriu ser portador do HIV por transmissão vertical, ou seja, de nascença. Só então lhe foi revelado que havia sido adotado nos primórdios da epidemia. Sua maior dúvida era se poderia realizar o sonho de se casar e de ser pai. Outro, que atuava como um atendente em hospital particular, queria saber onde poderia refazer em sigilo, no sistema público, os testes de sua carga viral, de modo que a sorologia nunca passasse a constar do prontuário do seu convênio de saúde, vinculado diretamente à empresa.
“Na verdade, o programa DST/Aids não está às mil maravilhas, como tenta nos convencer o governo federal. Querem que, em tempo recorde, as pessoas com HIV passem a viver em uma pretensa normalidade”, diz Valdecir Buzon, que na década de 1990, fundou o Vhiver BH, onde calcula ter atendido até 8 mil pessoas por mês na antiga casa pintada de azul, no Bairro Funcionários, sede da primeira academia de ginástica voltada para portadores de HIV no país. Hoje, a casa está em ruínas. Desde a interrupção dos atendimentos, quatro jovens que eram mantidos na faculdade por bolsas de estudo largaram os cursos e, segundo Buzon, outras cinco pessoas tentaram o suicídio. Pelo menos duas desistiram da vida controlada por medicamentos.
Outras entidades, como o Grupo de Apoio às Pessoas com Aids (Gapa) de BH, que tiveram papel central para pressionar as autoridades no auge da epidemia, também estão desativadas. Há dois anos, o Vhiver-BH funciona precariamente na casa em ruínas, atolado em dívidas, aguardando transferência para outro imóvel prometido no Bairro da Floresta, mas ainda sem data confirmada. “O soropositivo não é movido apenas a coquetel de medicamentos. Ele continua precisando de um grupo de apoio e de aconselhamento para lidar com as suas novas questões”, defende Buzon, que penhorou o próprio carro e apartamento em prol da entidade, que passou a carregar nas costas, quase que literalmente.
Outra história que chama a atenção é a de um homem heterossexual do Sul do país que, ao fazer um check-up pedido pelo empregador, descobriu ser portador do HIV por transmissão vertical, ou seja, de nascença. Só então lhe foi revelado que havia sido adotado nos primórdios da epidemia. Sua maior dúvida era se poderia realizar o sonho de se casar e de ser pai. Outro, que atuava como um atendente em hospital particular, queria saber onde poderia refazer em sigilo, no sistema público, os testes de sua carga viral, de modo que a sorologia nunca passasse a constar do prontuário do seu convênio de saúde, vinculado diretamente à empresa.
“Na verdade, o programa DST/Aids não está às mil maravilhas, como tenta nos convencer o governo federal. Querem que, em tempo recorde, as pessoas com HIV passem a viver em uma pretensa normalidade”, diz Valdecir Buzon, que na década de 1990, fundou o Vhiver BH, onde calcula ter atendido até 8 mil pessoas por mês na antiga casa pintada de azul, no Bairro Funcionários, sede da primeira academia de ginástica voltada para portadores de HIV no país. Hoje, a casa está em ruínas. Desde a interrupção dos atendimentos, quatro jovens que eram mantidos na faculdade por bolsas de estudo largaram os cursos e, segundo Buzon, outras cinco pessoas tentaram o suicídio. Pelo menos duas desistiram da vida controlada por medicamentos.
Outras entidades, como o Grupo de Apoio às Pessoas com Aids (Gapa) de BH, que tiveram papel central para pressionar as autoridades no auge da epidemia, também estão desativadas. Há dois anos, o Vhiver-BH funciona precariamente na casa em ruínas, atolado em dívidas, aguardando transferência para outro imóvel prometido no Bairro da Floresta, mas ainda sem data confirmada. “O soropositivo não é movido apenas a coquetel de medicamentos. Ele continua precisando de um grupo de apoio e de aconselhamento para lidar com as suas novas questões”, defende Buzon, que penhorou o próprio carro e apartamento em prol da entidade, que passou a carregar nas costas, quase que literalmente.