Apesar do rápido avanço no tratamento dos soropositivos (veja abaixo), a guerra para evitar a contaminação pelo HIV continua.
Em países de Primeiro Mundo, o incentivo ao uso da camisinha já está sendo combinado com outros métodos. Eles começam a ser oferecidos no Brasil, um país que financia toda a política anti-Aids a custo zero, mas com ressalvas. É o caso da profilaxia com coquetel anti-HIV pós (POP) e pré-exposição (Prep), oferecidas experimentalmente em alguns centros de saúde no país. A POP é usada em casos pontuais em que for relatado que a camisinha estourou ou que a pessoa se sentiu inadvertidamente exposta ao vírus da Aids e a Prep é direcionada a pessoas com comportamentos de risco, como usuários de droga e profissionais do sexo.
“Quer dizer então que vamos medicalizar também a prevenção?”, questiona o médico Dirceu Grecco, contrário a abordagens como a POP, que, para a comunidade, podem induzir os usuários a relaxar no uso da camisinha, deixando-os mais expostos a outras doenças sexualmente transmissíveis. Para o ativista Diego Callisto, é preciso investir em educação aberta e em ações como a venda de camisinhas em máquinas instaladas em banheiros de universidades.
- Foto:
MARCAS DO PASSADO
"Levamos meses para nos relacionar sem preservativo e ele nunca me contou nada sobre sua sorologia. Senti-me traído"
André(*), de 30 anos, contraiu o HIV há 4 anos
Aos 30 anos, o funcionário público do sistema de saúde André fez uma pausa na própria vida desde fevereiro de 2012, quando descobriu ter sido contaminado com o HIV pelo seu maior amor, com quem viveu dois anos.
“Até por trabalhar na saúde, sempre fui muito medroso e tinha medo de me entregar. Levamos meses para nos relacionar sem preservativo e ele nunca me contou nada sobre sua sorologia. Senti-me traído. Não suspeitei de nada quando me chamaram no posto de saúde devido a uma alteração nos resultados do exame. Exigiram que eu levasse meu companheiro e eu concluí que estava morrendo com alguma doença grave, como o câncer”, conta.
(*)Nome fictício..