A Polícia Federal (PF) não descarta novos indiciamentos no inquérito que investiga os danos ambientais na Bacia do Rio Doce provocados pelo rompimento da Barragem do Fundão em Mariana, na Região Central de Minas. O delegado Roger Lima de Moura, da Delegacia de Combate a Crimes de Meio Ambiente Patrimônio Histórico, explicou que a apuração do caso ainda está em curso, o que pode levar a PF indiciar outros responsáveis pela desastre socioambiental.
No fim do mês passado, o Estado de Minas revelou com exclusividade que o relatório da PF aponta 'dolo eventual' - quando se assume o risco, mesmo sem intenção de que o crime aconteça - da Samarco, proprietária da barragem, na tragédia de Mariana. A polícia já responsabilizou seis funcionários da mineradora, incluindo o presidente afastado, Ricardo Vescovi.
O delegado Roger, que chefia as investigações do crime ambiental, explicou que dois indícios foram determinantes para fundamentar as acusações. "Os indícios apurados até agora que geraram os indiciamentos são com relação a assumir um risco de utilização da Barragem do Fundão com alguns problemas que ela já vinha apresentando desde 2009", justificou.
A falta de controle na quantidade de rejeitos que eram depositados em Fundão foi outro motivo citado pela PF para formatar as acusações. Ação desordenadada da Samarco levou o delegado a classificar o reservatório como "doente". "Ainda com medidas para sanar esse problema, é uma barragem que sempre estava apresentando problemas".
Apesar dos indiciamentos, o delegado preferiu não falar a respeito da prisão dos responsáveis, porém ele informou que a medida é prevista na legislação. De acordo com o policial, não há uma data para conclusão do inquérito.
O rompimento da Barragem do Fundão completou três meses em 5 de fevererio. O vazamento de rejeitos da mineração deixou 17 pessoas mortas, duas desaparecidas e um prejuízo ambiental em rios, matas ciliares e Oceano Atlântico.