Construído originalmente para abrigar um cassino, em 1943, o MAP funciona como museu desde 1957 e nunca passou por uma restauração de porte. As obras vão desde a parte estrutural até revestimentos e elementos artísticos. “Fizemos uma análise complexa do museu e detectamos problemas de infiltração, impermeabilização e entrada de água”, comenta o presidente da FMC, Leônidas José Oliveira.
Ele destaca que a restauração independe da aprovação do conjunto da Pampulha pela Unesco como patrimônio da humanidade. “O museu vai ser restaurado com ou sem título”, diz. As etapas da obra, entretanto, foram programadas a partir da entrega do título. Para não pôr andaimes na fachada do museu de imediato, a ideia é começar as intervenções pelas áreas da reserva técnica, que era a antiga adega do cassino, e da administração.
A reforma do museu está orçada em R$ 4,2 milhões, bancados com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento das Cidades Históricas (PAC Cidades Históricas), do governo federal. A prefeitura entrará com contrapartida no valor de 10% da obra. Segundo Leônidas, desde 2014 o projeto de revitalização do museu está pronto, mas, como o prédio tem tombamento estadual e federal, foram necessárias adaptações exigidas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha).
Os problemas no prédio do MAP, que reúne o maior acervo artístico do estado, remontam à década de 1950, quando houve rompimento da represa da Pampulha, há 61 anos. “Houve uma acomodação do terreno e as esquadrias das janelas do museu acabaram se contorcendo em alguns pontos. Por causa disso, nunca conseguimos evitar completamente que a água entrasse no prédio. Vamos trocar essas esquadrias por material contemporâneo que mantenha as características originais”, explica Leônidas.
REVESTIMENTOS Além das janelas, haverá recuperação dos revestimentos de madeira que cobrem piso e parede, além do mármore. Os banheiros, com cristais, serão revitalizados, assim como espelho trazido da Bélgica para o imóvel. O palco do antigo teatro de orquestra será reformado e o museu passará a abrigar pequenas apresentações teatrais. Enquanto o museu ficar fechado, a ideia é transferir o acervo para outros locais de exposição, como o saguão da Prefeitura de BH. Destacam-se trabalhos de Alberto da Veiga Guignard, Emiliano Di Cavalcanti, Ivan Serpa, Tomie Ohtake, Franz Weissman e Amilcar de Castro.
A notícia de fechamento do museu para obras surpreendeu moradores e turistas que frequentam a Pampulha. Como vários fotógrafos da cidade, Talita Soares aproveita os jardins do MAP como cenário para suas fotografias. “Não estou sabendo que vai fechar para reforma. Espero que eles deixem o jardim aberto. Se fechar, vai ficar mais difícil para mim, já que meu estúdio fica aqui perto”, avalia a fotógrafa.
Naturais de Belém, a médica Munise Hermes e o empresário Leonardo Amazonas visitavam o Museu de Arte da Pampulha pela primeira vez. Admirados com a exposição e a arquitetura, eles observaram que o edifício carece mesmo de uma reforma. “A condição da parede espelhada e das janelas está ruim”, afirma Leonardo.
ENQUANTO ISSO
Desapropriação do Iate Clube
Na semana passada, a Prefeitura de Belo Horizonte desapropriou o Iate Tênis Clube, principal entrave para que o conjunto arquitetônico da Pampulha seja considerado Patrimônio Mundial pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). O objetivo da PBH é demolir um anexo construído pelo clube na década de 1970, que destoa do conjunto projetado por Oscar Niemeyer. Além da demolição do puxadinho, outras duas determinações do Icomos, órgão consultivo que ajuda no julgamento, foram atendidas no plano de tombamento: duas praças, a Alberto Dalva Simão (entre a Casa de Baile e a estátua de Iemanjá) e a Dino Barbieri (em frente à igrejinha da Pampulha) foram incluídas na área de proteção e vão ter o projeto de paisagismo original de Burle Marx recuperado.