Cratera deixa rua do Bairro Sagrada Família interditada há mais de três meses

Moradores da Região Leste de Belo Horizonte reclamam do atraso na obra e temem que situação fique mais grave

Valquiria Lopes
O empresário Rodrigo Giovanni é um dos moradores que cobra uma rápida recuperação do pavimento asfáltico - Foto: Cristina Horta/EM/D.A Press
Um transtorno que já dura mais de três meses tem trazido preocupação para moradores do Bairro Sagrada Família, na Região Leste de Belo Horizonte. Por causa do afundamento de uma parte do asfalto, que resultou na abertura de uma cratera e trincas no pavimento, uma das ruas mais importantes do bairro, a Genoveva de Souza, está interditada desde 10 de novembro. O fechamento bloqueou o tráfego entre as ruas Jaques Luciano e Oswaldo Ferraz e desviou o itinerário da linha de ônibus 9209. O pior é que o problema tem se agravado. Além de novas rachaduras terem surgido, motoristas e flanelinhas têm desrespeitado o bloqueio feito com manilhas e passam ou até mesmo estacionam os carros na rua, aumentando o risco de deslizamento da encosta. A situação preocupa quem mora perto do local da erosão e também quem vive no trecho abaixo do talude, onde um deslizamento causou a morte de uma família na década de 1980.

“Esse problema é antigo. Tem mais de 30 anos. Esperávamos que, quando a obra foi feita, essa situação tivesse sido sanada, mas bastou uma linha de ônibus passar a circular pela Genoveva de Souza para o problema voltar a ocorrer”, reclama o diretor de relações institucionais da Associação dos Amigos e Moradores do Entorno do Estádio Independência, Adelmo Gabriel Marques.
Ele cobra uma solução e ressalta a importância da via para trânsito na região. “É uma rua de mão única, saída do bairro para motoristas que seguem no sentido das avenidas Silviano Brandão, Cristiano Machado e José Cândido da Silveira, passando pela Rua Conselheiro Lafaiete”, diz Adelmo, que informa já ter enviado um comunicado a três órgãos da prefeitura, mas sem resposta.

Outros moradores também protestam e pedem a instalação de um bloqueio capaz de impedir a entrada de carros na rua, além da colocação de faixas ou placas indicativas de desvio para motoristas e passageiros da linha de ônibus. “O que acontece é que os condutores se deparam com as manilhas fechando o acesso e ou passam por outras vias e acabam se perdendo ou furam o bloqueio”, diz o aposentado Celso Nogueira de Carvalho, de 62, que mora no número 1.072 da via, bem em frente à cratera. Das quatro manilhas colocadas no local, o aposentado explica que uma é menor e é justamente ela que é retirada por quem burla a interdição. “Precisamos de uma solução urgente, ainda mais por causa das chuvas que ainda podem ocorrer. Se a rua desmoronar, seremos as maiores vítimas”, afirma.

Nos dias de jogos na Arena Independência, a situação é ainda pior. De acordo com o empresário Rodrigo Giovanni, flanelinhas empurram as manilhas, invadem a rua e cobram pelas vagas de estacionamento no local onde o tráfego está proibido. “Já chamei a BHTrans várias vezes, mas, além de eles não virem, o problema persiste.” Rodrigo conta que ele e os vizinhos é que ficam monitorando o fechamento e ficam sujeitos à agressividade de quem insiste em passar ou estacionar. O vizinho Celso Nogueira completa: “Eu e minha família já tivemos discussões e até mesmo briga com motoristas por quatro vezes”, conta.

Motociclistas e motoristas não respeitam o bloqueio e invadem a parte interditada ao tráfego pela BHTrans - Foto: Cristina Horta/EM/D.A Press
PROJETO EM ELABORAÇÃO A Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap) informou que a obra na Rua Genoveva de Souza prevê o tratamento do talude vizinho ao afundamento da pista, com consequente consolidação da encosta do local. No entanto, o projeto para as intervenções na via ainda está sendo elaborado e deve ser entregue até o fim deste mês. Ainda não há definição de quando a rua será liberada, segundo a superintendência.

O órgão informou também que ainda não foi possível definir a causa do abatimento do asfalto, pois a atual rede da Copasa permanece íntegra e não foram constatados indícios de umidade significativa no material erodido. “No entanto, suspeita-se que, no passado, quando houve um deslizamento no local, a compactação do aterro não tenha sido suficiente, o que proporcionou, com o passar do tempo e a atuação de alguns fatores externos (vazamentos de redes, infiltração de águas pluviais), um carregamento de finos que gerou a erosão e o abatimento do pavimento.

Por meio de nota, a BHTrans informou ter colocado cavaletes e faixas de pano alertando sobre a interdição da Rua Genoveva de Souza, mas que, infelizmente, tais obstáculos foram retirados. As manilhas não são utilizadas como material de sinalização pela empresa.
Ainda segundo o documento, a empresa fará mais uma vistoria no local e providenciará nova sinalização.
Em dias de jogos na Arena Independência, flanelinhas tiram as manilhas que fazem o bloqueio da rua e cobram pelas vagas - Foto: Rodrigo Giovanni

Vídeo mostra desrespeito de motoristas à interdição de rua. Crédito: Rodrigo Giovanni

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