“Só quero dizer que minha filha está bem e agradecer a todos que se empenharam nas buscas. Que Deus os abençoe e os livre de passar um dia por esta situação”. Com profundo alívio, a farmacêutica Sandra Maranhês só sabia expressar ontem sua gratidão, a maior possível, a todos os que a ajudaram em pensamentos e atos a encontrar a filha desaparecida Débora, de 15 anos, gerando repercussão nas redes sociais pela internet e pelo WhatsApp. Ela é descrita pela mãe como sendo uma aluna “muito aplicada” de um colégio exigente de Belo Horizonte, que estuda inglês, alemão e francês e sonha ser diplomata para administrar conflitos, mas nada perto do que enfrentou nas últimas 32 horas. A menina havia sumido no sábado.
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Segundo o que Débora contou para a mãe, ela pegou um ônibus na Avenida Cristóvão Colombo e desceu alguns quarteirões depois para tomar um lanche na Rua Alagoas, sendo abordada ao sair do veículo por alguém que já sabia que ela desceria. “Havia um homem dentro e outro fora do ônibus e ela não sabe dizer sobre as feições deles porque evitava olhar diretamente, mas garante que não os conhecia. Eles a jogaram desmaiada dentro do porta-malas de um carro. Quando acordou, ela percebeu onde estava e se machucou tentando se soltar das cordas, sendo que uma delas estava amarrada ao pescoço. De repente, o carro parou e eles a soltaram na beira de uma rodovia escura, levando o dinheiro, a carteira de identidade e o chip do celular, com a intenção de dificultar que ela entrasse em contato com alguém e pedisse socorro. Quando um dos homens soltou as cordas com um canivete, uma das pernas dela ficou lacerada e parte das roupas foi rasgada”, contou a mãe.
DEPOIMENTOS Profissional da área de saúde, Sandra Maranhês considera que as incongruências nos depoimentos de Débora prestados a ela própria, à Polícia Civil e à Polícia Militar façam parte do quadro de abalo psicológico sofrido pela jovem, depois de passar muitas horas se debatendo dentro de um porta-malas. “Eu acredito na versão da minha filha. Só não estamos entendendo até agora o porquê de terem feito isso com ela”, afirma a mãe, que continua o relato da menina, lembrando que Débora ficou andando sem rumo, aleatoriamente por um longo trecho, até chegar a um aglomerado de casas na beira da estrada. Em uma delas, foi finalmente atendida por uma família, que acionou a polícia, que por sua vez entrou em contato com a família.
Segundo nota divulgada pela Polícia Civil de Minas Gerais, Débora foi convidada a comparecer a uma delegacia para prestar esclarecimentos sobre o caso, mas não se trata de intimação, pois na medida em que apresentava escoriações pelo corpo e registros de roubo de um celular e de R$ 60, ela se tornou vítima do caso. Ao delegado de plantão em João Monlevade, Débora contou que foi sequestrada quando desceu de um ônibus próximo ao Terminal Rodoviário da capital e não na Região da Savassi. Já no boletim de ocorrência (BO) da Polícia Militar, Débora alegou ter sido raptada na Região Central de Belo Horizonte, retificando o BO anterior, em que havia dito que o sequestro ocorrera na Praça da Liberdade. Consta também no documento que a adolescente descartou no vaso sanitário do quartel uma carteira de identidade com a data alterada, na qual constava que ela já teria 18 anos completos.