A Polícia Civil pediu à Justiça a prisão de sete pessoas consideradas responsáveis pelo rompimento da Barragem do Fundão, em Mariana, na Região Central de Minas Gerais, que deixou 17 mortes, dois desaparecidos, e 725 pessoas desabrigadas. O inquérito para apurar as causas do rompimento foi encerrado e está sendo apresentado na tarde desta terça-feira na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Entre as pessoas que tiveram a prisão pedida estão seis funcionários da Samarco e um da consultoria VogBR.
A conclusão das investigações sobre a tragédia foi adiada por três vezes a pedido da Polícia Civil. O primeiro inquérito foi aberto em 6 de novembro, um dia depois do rompimento da barragem. O documento com as conclusões da tragédia possui 13 volumes, 2.432 páginas. Foram colhidos aproximadamente 100 depoimentos de testemunhas e envolvidos diretamente na tragédia. Os resultados foram apresentados pela chefe da Polícia Civil de Minas Gerais, delegada Andrea Vacchiano, o delegado regional de Ouro Preto e responsável pelo inquérito, Rodrigo Bustamante, e o perito criminal Otávio Guerra, responsável pelo laudo técnico da causa do rompimento.
Por causa da complexidade das investigações, o inquérito foi desmembrado. O segundo procedimento apura os crimes ambientais e licenciamentos da barragem. O prazo para a conclusão é até 12 de março. Por isso, outras pessoas podem ser incluídas no indiciamento e outros crimes podem ser atribuídos aos indiciados.
A tragédia também é investigada pela Polícia Federal (PF). No fim do mês passado, o Estado de Minas revelou, com exclusividade, que o relatório da PF aponta "dolo eventual" - quando se assume o risco, mesmo sem intenção de que o crime aconteça - da Samarco, proprietária da barragem, na tragédia de Mariana. A polícia já responsabilizou seis funcionários da mineradora, incluindo o presidente afastado, Ricardo Vescovi.
As apurações estão em curso. Na última semana, equipes da PF cumpriram mandados de busca e apreensão em escritórios da empresa Samarco, dona da Barragem do Fundão. A ação ocorreu em Mariana, em Anchieta, no Espírito Santo, e na casa de um engenheiro da empresa. As buscas fazem parte do inquérito que investiga os danos ambientais causados pelo rompimento.