Zika avança entre as gestantes de Minas

Quatorze gestantes em Minas já estão com a enfermidade confirmada, 13 a mais que o último balanço. No estado, 31 mortes são investigadas por suspeita de dengue

Carolina Mansur Guilherme Paranaiba
Hidratação por dengue: Sarah Carolina Marques precisou ser transferida para a Unidade de Reposição Volêmica (URF) da UPA Odilon Behrens, que começou a funcionar na sexta-feira - Foto: Paulo Filgueiras/EM/DA Press
O Aedes aegypti não para de fazer vítimas em Minas Gerais. O número de gestantes com zika e de mortes por dengue em investigação no estado cresce. A informação foi divulgada ontem pela Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG). Segundo o boletim epidemiológico, dos 195 casos no protocolo de monitoramento da microcefalia notificados até 22 de fevereiro, mais 13 foram confirmados laboratorialmente para zika vírus. No total, já são 14 gestantes com a doença confirmada e um aborto espontâneo com associação ao vírus, em Sete Lagoas, conforme anunciado no boletim da semana passada.


A infecção por zika durante a gestação não significa, necessariamente, que os bebês vão nascer com microcefalia. Do total de grávidas infectadas, quatro vivem em Coronel Fabriciano, duas em Juiz de Fora e duas em Montes Claros. BH contabiliza um caso. A realização de exames para diagnóstico laboratorial do zika em Minas Gerais pela Fundação Ezequiel Dias (Funed), no início deste mês, agilizou a confirmação das ocorrências em gestantes no estado.

Outro dado preocupante na epidemia de doenças relacionadas ao Aedes aegypti é a investigação de 31 óbitos por suspeita de dengue.

No entanto, até o momento, oito óbitos provocados pela doença foram confirmados pela SES-MG – três em Belo Horizonte; três em Juiz de Fora (Zona da Mata); um em Patrocínio (Alto Paranaíba); e um em Divinópolis (Centro-Oeste). Neste ano, Minas Gerais contabiliza 62.271 casos prováveis de dengue. No ano passado, 74 pessoas morreram vítimas da doença.  Juiz de Fora, com 2.553 casos de dengue, tem o maior número de mortos neste ano. A Secretaria Municipal de Saúde confirma sete mortes, entretanto quatro ocorrências ainda não constam no balanço da SES-MG.

Em Belo Horizonte, segundo dados do último balanço de dengue divulgado pela Secretaria Municipal de Saúde, são mais de 2.916 casos de dengue confirmados. A corrida por atendimentos nas unidades de pronto-atendimento (UPAs) e centros de saúde da capital elevou a demanda em função de suspeitas de dengue, zika e chikungunya em 40% nas UPAs localizadas nas áreas de maior incidência dos casos suspeitos e em 25% nas demais unidades. Entre as estratégias para desafogar o serviço e dar agilidade ao atendimento, os pacientes da UPA Venda Nova receberam um Centro de Atendimento a Pacientes com Dengue, com cinco clínicos.

Também já está funcionando, desde a noite da última sexta-feira, a Unidade de Reposição Volêmica (URV) da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) para hidratação de pacientes com casos mais complicados de dengue. A sala fica no segundo andar da UPA Odilon Behrens e recebe pacientes que perderam muito líquido por conta de sintomas como diarreia e vômito e precisam de uma reidratação venosa para se recuperarem mais rápido. “Para chegar aqui, o paciente é admitido em qualquer unidade de saúde ou em uma UPA. Se o médico definir que ele precisa se reidratar, é candidato a vir pra cá”, afirma a médica Paula Martins, membro do Colegiado de Urgência da Secretaria Municipal de Saúde.

- Foto: Arte EM
PACIENTES Ontem, uma das pacientes que ocupava um dos 40 leitos disponíveis era a auxiliar administrativa Sarah Carolina Marques, de 28 anos. A saga da jovem começou na terça-feira da semana passada, quando sentiu as primeiras dores no corpo, nas articulações, nos olhos e teve febre alta. Em atendimento na UPA Pampulha, tomou analgésico, se hidratou e aliviou os sintomas. Porém, na quinta-feira, a situação ficou pior. “Tive diarreia, vômito e sangramento no nariz e na boca.
Voltei para a UPA e fiquei internada até sexta-feira, onde estiquei um papelão no chão para deitar. Não tinha onde ficar”, reclama. Mas, no sábado, teve febre alta novamente e começou a ficar tonta. “Por volta de meia-noite, me transferiram para cá. A diferença é enorme, tanto no conforto quanto no atendimento”, afirma. Ontem, já livre das dores no corpo e sem febre, a expectativa era que Sarah fosse liberada, caso os exames apontassem recuperação de plaquetas, que abaixaram muito por conta da dengue.

Outra paciente que precisou de reidratação na veia e por isso foi encaminhada à URV da UPA Odilon Behrens é a comerciante Maib Luciana Gonçalves de Oliveira, de 33, moradora de Contagem, na Grande BH.  “No sábado, stava ardendo em febre e resolvi procurar a UPA Pampulha, em BH. Acabei dormindo no chão, dividindo um papelão com a Sarah, e fui transferida para essa unidade. Acho que só de chegar aqui já melhorei”, afirma. Segundo a médica Paula Martins, a unidade tem capacidade de expansão para até 100 atendimentos simultâneos. Os pacientes mais debilitados ficam em macas.
Já aqueles com melhores condições, em cadeiras.

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