Ontem, gerou enorme repercussão nas redes sociais o caso de um motorista do Recife que fazia a linha Rio Doce/Cidade Universitária, que, ao perceber que um passageiro cego seguiria a viagem de pé, ameaçou tomar uma medida mais radical: "Se ninguém der o lugar, ele vai sentar aqui e dirigir o ônibus". Episódios como esse, em que motoristas de transporte público interrompem a viagem até que deficientes visuais estejam bem acomodados e seguros nas cadeiras a eles reservadas por lei, são uma constante entre participantes das atividades do Instituto São Rafael, até por exigência das empresas de ônibus de evitar acidentes a todo custo nos veículos. Por outro lado, há casos de passageiros que até fingem estar dormindo para não ceder o lugar aos deficientes, conforme denúncia da diretora do Instituto São Rafael, Juliany Sena, que recentemente foi alvo de reclamações ao parar um ônibus para encaixar um colega professor, que é deficiente visual: "Alguns alegaram que eu deveria esperar passar outro carro, que estivesse vazio".
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Orelhões e poste prejudicam passagem de deficientes visuais em avenida da capitalBola de concreto instalada sobre piso tátil atrapalha deficientes visuais em BHDeficientes visuais contam com perseverança e solidariedadeLei determina que bares providenciem Braile ou leitor de cardápio para cegosFestival Gentileza agita a Praça Floriano Peixoto, em BHIntegrante da comissão de transportes da BHTrans que ajudou a criar um aplicativo voltado para deficientes no celular, lançado este ano, Antônio orienta, gentilmente, que há formas bem mais eficazes de ajudar o cego que está usufruindo do transporte público, cuja passagem gratuita já sai do bolso dos demais cidadãos. "A primeira dica é perguntar ao cego se ele quer se sentar. Tento fazer de tudo para mostrar que não há necessidade, que estou bem, mas nem sempre dá certo", explica ele, lembrando que de pouco adianta tentar mostrar ao deficiente visual as cadeiras vagas dizendo “aquela ali” ou “mais pra lá”.
Já a cantora Marilane, que já viajou em turnês artísticas pela Europa e Estados Unidos, é mais enfática: “Se me perguntarem se eu quero me sentar, nunca vou aceitar. Tenho até vergonha! Dependendo do caso, quando escuto o barulho de bengalas ou ouço os outros passageiros protestando de que ninguém se levantou para alguém mais velho precisando se sentar, ofereço meu lugar”. Foi o que, de fato, fez ontem Marilane, que gentilmente cedeu o assento a um colega do São Rafael que não é cego de nascença e ainda está aprendendo a se guiar no mundo da escuridão. “Ele ainda não está acostumado à lida diária nos ônibus. Eu já sou cega de carteirinha, tiro de letra!”, brinca.
SAIBA AJUDAR
Confira como auxiliar cegos dentro do ônibus
Para o condutor, em vez de exigir dos outros passageiros que cedam o primeiro lugar, melhor seria que ele orientasse o cego, dizendo que o assento vazio é o terceiro à direita, por exemplo.
Outra ajuda é orientar o cego até o ponto de apoio mais perto, nos bancos ou no teto, mostrando onde ele pode se apoiar em segurança.
O maior desafio é a entrada e a saída do ônibus. Em vez de levar o cego pela mão, empurrar o seu braço (tirando dele o equilíbrio), o melhor é mostrar a ele que o batente da porta está à direita dele, mais para cima.
Em vez de dizer “vá mais para lá”, é sempre melhor orientar para que a pessoa vá mais à direita ou à esquerda, lembrando que se trata da mão do deficiente visual e não da sua.
Se vir um cego esperando o ônibus no ponto, diga a ele o número do veículo que acabou de chegar.