Para atender a esses casos, as unidades regionais de saúde estarão em contato com os municípios para adoção do Protocolo de Acompanhamento recomendado pelo Ministério da Saúde. Em Coronel Fabriciano, onde estão concentrado a maioria das ocorrências, a prefeitura informou que está assegurada à gestante apoio psicossocial, além de consulta com médico infectologista da rede municipal e obstetra do pré-natal de alto risco. Em Belo Horizonte, segundo a Secretaria Municipal de Saúde, as gestantes com confirmação de infecção pelo zika serão encaminhadas para acompanhamento no Hospital Odilon Behrens (HOB) durante a gestação.
Após o parto, caso a criança apresente algum problema neurológico, inclusive microcefalia, ela será acompanhada no Odilon Behrens e no Centro de Treinamento e Referência em Doenças Infectocontagiosas e Parasitárias (CTR/DIP) Orestes Diniz, também em Belo Horizonte. Em Montes Claros, onde há dois casos, também há garantia de atendimento prioritário na realização dos exames e acompanhamento do pré-natal. A assistência às gestantes ficará a cargo da Secretaria Municipal de Saúde, cabendo ao estado viabilizar apoio e orientações ao município.
A realização do pré-natal de alto risco na rede de referência vai garantir um atendimento mais próximo e permitirá maior acesso a informações sobre idade gestacional e possíveis impactos aos fetos.
O pré-natal de alto risco, segundo a médica, pode ter como uma de suas características um intervalo menor entre as consultas, dependendo da idade gestacional e do risco. No entanto, a obstetra lembra que, mesmo sendo verificada a microcefalia durante a gravidez, o controle gestacional não é alterado. “Se existe uma alteração morfológica, uma microcefalia, o prognóstico fetal só é definido depois do nascimento”, esclarece a especialista. Ela lembra o caso de um bebê diagnosticado com microcefalia na gestação e que, após o nascimento, não teve a condição confirmada.
O medo de contrair zika eleva a preocupação entre gestantes sem o diagnóstico. A faxineira Camila Gonçalves, de 26 anos, que está grávida de sete meses, procurou a Maternidade Odete Valadares, em BH, depois de ter sintomas semelhantes ao da dengue. “Tive muita dor nas articulações e dor de cabeça. Só não tive as manchas vermelhas”, afirma. A possibilidade de contrair dengue ou zika preocupa a gestante, que se protege usando repelente e tomando muita água. “Grávidas já ficam muito sensíveis e preocupadas. Prefiro não me informar muito sobre a zika para não sofrer.”
ANSIEDADE A ginecologista e obstetra Adriana Scavuzzi, coordenadora do Centro de Atenção à Mulher do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip), hospital de referência de Recife envolvido no acompanhamento de gestantes e de crianças nascidas com a malformação congênita, reforça a necessidade de as grávidas infectadas por zika procurarem a rede de referência para realizar o monitoramento do crescimento do feto. Ela destaca que nem todos os bebês terão microcefalia. “Ainda não é possível dizer a porcentagem de bebês que vão ter o acometimento, mas com certeza não é 100%”, diz.
Para a especialista, essa é uma questão que envolve ansiedade, com muitas possibilidade e poucas respostas. “Nesses casos a principal recomendação é de que haja um acompanhamento ultrassonográfico mais detalhado”, reforça Adriana. Outro ponto de atenção é a realização dos exames após o nascimento do bebê, como a medição do perímetro cefálico e tomografia computadorizada, para identificação de alterações internas no cérebro.