Um fóssil que pode ser de um animal ainda não estudado será entregue para o Complexo Cultural e Científico de Peirópolis (CCCP), da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), em Uberlândia, nesta sexta-feira. De acordo com o supervisor do CCCP, o geólogo Luiz Carlos Borges Ribeiro, serão realizados estudos científicos para saber se trata de uma espécie nova. “Vão ajudar a comprovar o oceano que havia no interior do Brasil há 400 milhões de anos”, avalia o geólogo.
Ribeiro explica que diferente dos fósseis coletados em Uberaba – onde predominam animais como dinossauros, crocodilos, peixes, tartarugas e rãs – os fósseis têm conchas e podem ser classificados nos grupos dos braquiópodes. O destaque, que pode ser um fóssil ainda não estudado, está preservado integralmente.
O fóssil faz parte de um conjunto de 86 blocos de rochas com idade de 400 milhões de anos encontrados durante as obras de uma linha de transmissão entre as cidades de Ribeirãozinho (MT), Rio Verde (GO) e Marimbondo (SP), que pretende interligar a Usina Hidrelétrica de Teles Pires, em construção no Mato Grosso, até a divisa de Minas Gerais com São Paulo.
De acordo com o supervisor do CCCP, o fóssil que se destaca foi sepultado vivo, pois têm duas conchas intactas, além de pedúnculo (órgão responsável pela fixação do organismo ao substrato oceânico). “Este tipo de fossilização é raríssimo, pois o pedúnculo é constituído de tecido mole e de difícil preservação. Seu estudo pode trazer à luz do conhecimento questões importantes sobre a ecologia e comportamento deste grupo extinto”, avalia Ribeiro.
O geólogo destaca que não é a primeira vez que o CCCP é escolhido para receber este tipo de material científico. Os primeiros estudos realizados pela Consultoria Ambiental Geopac – contratada pela hidrelétrica para acompanhar a obra – aponta que há cerca de 400 milhões de anos os estados de Mato Grosso e Goiás eram um mar de água calma e fria repleto de formas de vida.