Erguida no fim do século 17 em Brejo do Amparo, no município de Januária, no Norte de Minas, a Igreja de Nossa Senhora do Rosário, que há anos espera por reparos, sofreu forte revés no fim de semana: o teto da parte central do templo, o segundo a ser construído em território mineiro, cedeu depois de abalos na estrutura – que já vinha sendo corroída – reforçados pelas chuvas de janeiro. Na tarde de ontem, o promotor de Januária, Lucas Marques Trindade, anunciou ter entrado com um pedido de liminar na Justiça exigindo que os órgãos responsáveis – o Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG), governo estadual, Diocese e a Prefeitura de Januária – adotem “medidas emergenciais” para a preservação da igreja, tombada em 1989. “Nosso objetivo é que sejam feitas (ações), imediatamente, para impedir o desabamento total da construção”, afirmou Marques Trindade, ressaltando a importância do patrimônio histórico.
Já tramita na Justiça uma ação civil protocolada pelo Ministério Público Estadual (MPE), exigindo do poder público a recuperação do templo, construído em 1688 pelos bandeirantes que ocuparam Minas Gerais, com a criação de gado ao longo do Rio São Francisco – os chamados “currais do Velho Chico” –, vindos do Nordeste. Agora, o promotor Lucas Marques Trindade solicita que seja formada uma comissão para vistoriar as condições da igreja após a queda do teto.
Ontem de manhã, o bispo de Januária, dom José Moreira da Silva, esteve em Brejo do Amparo (distante quatro quilômetros da área urbana) e fez um levantamento sobre as condições do prédio. De acordo com Sílvio de Jesus, assessor da Diocese, há poucos dias o bispo tinha feito outra visita ao local e constatado os riscos de desabamento, devido aos estragos provocados pelas chuvas.
Em agosto de 2012, por meio de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado com o Ministério Público, a Diocese de Januária retirou as imagens sacras da igreja e cercou o local. O objetivo foi impedir a ação de vândalos e o roubo das peças sacras. Há seis anos, o sino do templo, mesmo pesando cerca de 300 quilos, foi retirado do lugar, sem que ninguém percebesse e nunca foi encontrado.
Com exceção do cercamento, nos últimos anos nenhuma outra medida foi tomada para a proteção da antiga igreja, que está situada numa área rural e tomada pelo mato ao seu redor. A situação é parecida com a da centenária Capela de São Sebastião, localizada na localidade de Pouso Alegre, na zona rural de Paracatu, no Noroeste do estado, que também se encontra ameaçada de cair, conforme revelou o Estado de Minas, na semana passada.
VERBA Em nota, Iepha-MG informou, na tarde de ontem, que estão assegurados R$ 750 mil para a restauração da igreja. Segundo o órgão, a licitação se encontra em processo de elaboração e o edital será publicado em breve. O Instituto afirmou também que nos próximos dias vai fazer uma vistoria in loco, para avaliar os danos após o desabamento do teto da parte principal do templo.
Memória
Ligação com a origem de MG
A Igreja de Nossa Senhora do Rosário foi erguida em 1688, quando se iniciou o povoamento de Minas Gerais e sofreu acréscimo até os anos 1700. O antropólogo e historiador João Batista Almeida Costa, que fez estudos sobre a região, afirma que a construção do templo e a ocupação do Vale do Rio São Francisco ocorreram antes da descoberta do ouro na região de Sabará, Ouro Preto e Mariana. Ainda segundo ele, a capela foi construída por um parente do bandeirante Mathias Cardoso de Almeida. A nave (parte central, cujo teto desabou) conta com dois altares, que ainda estão relativamente preservados, apesar do abandono do prédio histórico.
Já tramita na Justiça uma ação civil protocolada pelo Ministério Público Estadual (MPE), exigindo do poder público a recuperação do templo, construído em 1688 pelos bandeirantes que ocuparam Minas Gerais, com a criação de gado ao longo do Rio São Francisco – os chamados “currais do Velho Chico” –, vindos do Nordeste. Agora, o promotor Lucas Marques Trindade solicita que seja formada uma comissão para vistoriar as condições da igreja após a queda do teto.
Ontem de manhã, o bispo de Januária, dom José Moreira da Silva, esteve em Brejo do Amparo (distante quatro quilômetros da área urbana) e fez um levantamento sobre as condições do prédio. De acordo com Sílvio de Jesus, assessor da Diocese, há poucos dias o bispo tinha feito outra visita ao local e constatado os riscos de desabamento, devido aos estragos provocados pelas chuvas.
Em agosto de 2012, por meio de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado com o Ministério Público, a Diocese de Januária retirou as imagens sacras da igreja e cercou o local. O objetivo foi impedir a ação de vândalos e o roubo das peças sacras. Há seis anos, o sino do templo, mesmo pesando cerca de 300 quilos, foi retirado do lugar, sem que ninguém percebesse e nunca foi encontrado.
Com exceção do cercamento, nos últimos anos nenhuma outra medida foi tomada para a proteção da antiga igreja, que está situada numa área rural e tomada pelo mato ao seu redor. A situação é parecida com a da centenária Capela de São Sebastião, localizada na localidade de Pouso Alegre, na zona rural de Paracatu, no Noroeste do estado, que também se encontra ameaçada de cair, conforme revelou o Estado de Minas, na semana passada.
VERBA Em nota, Iepha-MG informou, na tarde de ontem, que estão assegurados R$ 750 mil para a restauração da igreja. Segundo o órgão, a licitação se encontra em processo de elaboração e o edital será publicado em breve. O Instituto afirmou também que nos próximos dias vai fazer uma vistoria in loco, para avaliar os danos após o desabamento do teto da parte principal do templo.
Memória
Ligação com a origem de MG
A Igreja de Nossa Senhora do Rosário foi erguida em 1688, quando se iniciou o povoamento de Minas Gerais e sofreu acréscimo até os anos 1700. O antropólogo e historiador João Batista Almeida Costa, que fez estudos sobre a região, afirma que a construção do templo e a ocupação do Vale do Rio São Francisco ocorreram antes da descoberta do ouro na região de Sabará, Ouro Preto e Mariana. Ainda segundo ele, a capela foi construída por um parente do bandeirante Mathias Cardoso de Almeida. A nave (parte central, cujo teto desabou) conta com dois altares, que ainda estão relativamente preservados, apesar do abandono do prédio histórico.