A reportagem do Estado de Minas teve acesso a informações do crime por meio de fontes relacionadas à investigação e, segundo o advogado Fabiano Florio, contratado pela família do jovem, os trabalhos de apuração não têm andado da forma que se esperava. A investigação está sendo prejudicada por perícias que se alongam, pedidos de afastamento de um delegado e recomendação do Ministério Público para que a Corregedoria-Geral da Polícia Civil acompanhasse o caso, o que gerou a abertura de uma sindicância pelo órgão fiscalizador da polícia. Até hoje, não há indiciamento de nenhum acusado. Também há contradições entre o que foi apurado em interceptações telefônicas e depoimentos de alguns investigados.
“Estamos completando um ano de investigação.
Pelo menos dois depoimentos não batem com interceptações telefônicas, segundo fontes da investigação. São os relatos de Julia Mariano da Motta Floresta, de 20 anos, e da prima dela, Lethicia Gomes Floresta, de 19, que moravam juntas em Viçosa e afirmaram ter ligado incessantemente para Gabriel após tomarem conhecimento do sumiço do rapaz, o que não teria ficado provado. Julia tinha um relacionamento amoroso com Gabriel e morava em Viçosa, onde fazia faculdade. Ela o convidou para ir à cidade participar da calourada e, diante da negativa da mãe e de outros parentes de Gabriel, chegou a ir à casa do adolescente em Ponte Nova pedir que a mãe do jovem o liberasse. O jovem garantiu à mãe que dormiria na casa das duas e voltaria para Ponte Nova na manhã de sábado, o que não aconteceu. Segundo a família, no dia da festa, ela ligou para a mãe de Gabriel, dizendo que eles não iriam mais, porque ela estava passando mal. Mas, eles acabaram indo.
As interceptações do celular usado por Gabriel indicam que, na verdade, ele fez uma ligação para Julia às 6h41 do dia 7, o que é confirmado pelo advogado que a representa. A chamada só foi descoberta pelas primas depois que elas acordaram. Outra chamada do celular de Gabriel foi feita para a mãe do rapaz, às 8h01.
Incerteza sobre horário
Até hoje há divergências sobre os horários em que o grupo de jovens saiu da festa, mas os principais depoimentos indicam que foi algo em torno das 3h30. Amiga de Julia, M. E. C. B., de 17, relatou que estava com o casal no momento da saída, quando percebeu uma discussão entre o adolescente e a namorada.
Dali em diante, pelo menos dois conhecidos de Gabriel afirmam que o avistaram de madrugada caminhando pela rodovia de acesso à festa em São José do Triunfo, mas não viram mais nada que pudesse elucidar o caso. Outras pessoas também mencionaram a presença de um carro vermelho na estrada, sendo que uma delas cita que teve a impressão de ver uma pessoa no chão ao lado do carro. Foi com base nessas informações que a polícia chegou até o carro apreendido com manchas de sangue constatadas pela perícia de Viçosa.
O advogado Francisco Rodrigues da Cunha Neto, que representa Julia, confirma que a garota foi até Ponte Nova pedir à mãe de Gabriel que o deixasse ir a Viçosa e garante que ela não sabe de mais nada a partir do momento em que os dois se separaram na saída da festa. “No evento, ele dividiu o tempo entre ela e os amigos. Ela resolveu ir embora e ele disse que ia depois com os colegas. Daí pra frente ela declara que não viu mais nada”, afirma o advogado. O EM não conseguiu localizar Lethicia Gomes..