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Estado de Minas

Sargento da Polícia Militar mata caminhoneiro a tiros em Governador Valadares

O crime foi na manhã desse domingo. A mulher da vítima registrou tudo com uma câmera de celular. O assassino está desaparecido


postado em 07/03/2016 08:29 / atualizado em 07/03/2016 13:03

(foto: Reprodução YouTube)
(foto: Reprodução YouTube)
A Polícia Civil de Governador Valadares, no Vale do Rio Doce, pediu a prisão preventiva do policial militar Júlio César da Silva, de 44 anos, que matou a tiros o motorista Fábio Aguiar de Morais, de 36. O crime aconteceu na manhã desse domingo, no Bairro Santa Rita, e foi registrado em vídeo pela esposa da vítima. O motivo do homicídio ainda é desconhecido, mas há boletins de ocorrência sobre desavenças entre o PM e o motorista.

As imagens de um telefone celular mostram o bate-boca já em andamento. O policial militar, à paisana, vestido com uma camisa do Atlético, está segurando um revólver, à porta de um bar. No meio da rua, o caminhoneiro, sem camisa, com as mãos para trás, esconde um facão. Os dois trocam ofensas e ameaças: "Dá mais um passo pra você ver", diz o policial. "Você não é homem, você é homem com o revólver na mão", responde o caminhoneiro. "Você é homem pra sua família", retruca o policial. "Bate na sua mulher, bate nos seus parentes lá". diz o policial.

Veja as imagens do homícidio apenas se for maior de idade. As cenas são fortes.


A mulher do caminhoneiro, postada atrás do marido, é quem grava as imagens. Um filho do casal, ao lado da mulher, tenta contato telefônico com a polícia e, a certa altura, diz: "não tá atendendo, não." O policial à paisana também tenta acionar a PM com um celular, enquanto ele e o caminhoneiro seguem se ameaçando: "Você não vai me dar tiro, não, que eu vou rasgar você todo", anuncia o caminhoneiro. "Entra, então, que eu vou passar ocê (sic) no tiro", retruca o policial.

Finalmente, o filho do casal consegue contato telefônico com o 190: "Tem um policial aqui armado ameaçando", diz a voz. E os que estão próximos reforçam, "tá ameaçando, tá ameaçando!" Mas já era tarde para evitar o crime. O caminhoneiro reaparece na imagem, já sem o facão. O policial desdenha: "Cê correu com a faca? Corre com a faca que eu te corto no tiro". "Que vai cortar o car...," desafia o caminhoneiro. O policial então larga o celular no asfalto e dispara a arma. Cinco tiros são ouvidos. A mulher grita desesperada e as imagens balançam, já não é mais possível ver a vítima. O policial fica à porta do bar, ainda com a arma  do crime na mão. "Eu não acredito!", grita a mulher. "Chama a polícia depressa! Seu desgraçado!"

Segundo o boletim de ocorrência, os dois eram vizinhos e já tinham desentendimentos anteriores. O corpo foi encaminhado para o IML de Governador Valadares.

PM RESPONDE Em nota, a Polícia Militar afirmou que o sargento Júlio César da Silva estava de folga no momento do crime e que ele deve se apresentar à Polícia Civil, porém a data não foi informada.

Conforme ainda a PM, há registros de boletins de ocorrência de briga de vizinhos que envolveram o atirador e os filhos da vítima. Por conta dos desentendimentos, que foram relatados também à Corregedoria da Polícia Militar, eles foram levados para a delegacia.

O texto destaca ainda que o "sargento Júlio é profissional exemplar, conforme sua ficha pessoal, possuindo em toda sua carreira conduta ilibada". Ele está lotado na corporação há cerca de 30 anos

Sobre o vídeo que circula nas redes sociais, a PM se posicionou, dizendo que Fábio Aguiar de Morais aparece nas imagens com um facão e as mãos para trás, Além disso, a corporação salienta que a vítima teria provocado o policial.

Ainda com base na filmagem, a polícia disse que o sargento tentou desarmar a vítima, dizendo para ela voltar para casa.


APURAÇÕES A Polícia Civil informou que um inquérito já foi instaurado e que o delegado Jean Santi é o responsável pelas investigações. Temendo retaliações de vizinhos, a família do sargento se mudou ontem mesmo do Bairro Santa Rita.

O vídeo que registrou cenas do crime já estão com a perídica da Polícia Civil e serão anexados ao inquérito


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