PM que atirou em motorista em Governador Valadares era perseguido, diz advogado

O corpo de Fábio Aguiar de Morais, de 36 anos, foi enterrado nesta terça-feira no interior de São Paulo. Sargento se apresentou à polícia na segunda-feira e permanece preso

João Henrique do Vale
Crime aconteceu no último domingo - Foto: Reprodução
O sargento Júlio César da Silva, de 44 anos, que atirou no motorista Fábio Aguiar de Morais, de 36, morto em Governador Valadares, na Região do Rio Doce, alega legítima defesa e diz que era perseguido pela vítima. O militar se apresentou à Polícia Civil no fim da tarde de segunda-feira, mas se recusou a prestar depoimento. O advogado dele, Fábio Silveira, afirma que seu cliente vai colaborar com as investigações, “que vão mostrar a verdade sobre os fatos”.

O assassinato foi filmado pela esposa da vítima, por meio de um celular. Mesmo assim, o advogado acredita que a gravação não mostra todos os fatos que aconteceram antes dos tiros. “São dois minutos de vídeo, que é muito precário. Na verdade, aconteceu uma sucessão de atos. O Júlio César agiu em legítima defesa.
É muito prematuro fazer um juízo de valor”, explicou. “Ele morava havia 15 anos no local e começou a ser perseguido pela família que estava lá há um ano. No dia do crime, o homem foi até a porta da casa dele já com uma faca em punho. Ali foi apenas a gota d'água de uma tragédia anunciada”, completou o advogado.



Na manhã de segunda-feira, um inquérito foi aberto pela Polícia Civil para investigar o caso e foi decretada a prisão preventiva do policial. Ele chegou à delegacia em um carro particular e entrou pela porta da frente, por volta das 16h. Em nota, a Polícia Civil informou que o delegado responsável pelo caso não colheu o depoimento do sargento, “uma vez que o policial aparentava estar psicologicamente abalado e versa sobre ele a prerrogativa de prestar declarações em outras fases do inquérito”. O militar foi levado para a sede do 16º Batalhão da Polícia Militar, onde ficará preso à disposição da Justiça.

“A apresentação ocorreu voluntariamente, e ele entregou a arma usada no crime e a munição. Ele quer que a polícia investigue os fatos e faça uma apuração de verdade. Será a verdade que vai liberá-lo. Está colaborando com as investigações”, afirmou Fábio Silveira.

O velório do motorista começou às 20h de segunda-feira, no Cemitério Jardim da Serra, em Mariporã, no interior de São Paulo.
Segundo funcionários do local, o sepultamento ocorreu por volta das 9h desta terça-feira.

O sargento e o motorista, que eram vizinhos no Bairro Santa Rita, em Governador Valadares, tinham histórico de desavenças havia um ano. A esposa de Fábio já havia se queixado do PM à corregedoria da corporação. Viviane Silva de Aguiar contou que procurou o órgão e registrou três boletins de ocorrência e cinco reclamações de ameaças do policial contra a vítima e contra um filho do casal. "Espero uma providência que já deveria ter sido tomada há muito tempo. A vida do meu marido não vai voltar. Eu fiquei viúva e com três filhos. Isso (o crime) poderia ter sido evitado", desabafou, em entrevista à TV Alterosa..