Funcionários fazem manifestação contra desapropriação do Iate

Grupo saiu em passeata pela Avenida Otacílio Negrão de Lima, na Pampulha, para alertar a população sobre o caso. Audiência pública ocorreu nesta noite no local

João Henrique do Vale Landercy Hemerson
Avenida Otacílio Negrão de Lima foi fechada pelos manifestantes - Foto: Gilberto Ferreira Lage

Funcionários do Iate Tênis Clube, na Região da Pampulha, fizeram um protesto na noite desta terça-feira contra desapropriação do bem cultural pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH). Com faixas e cartazes, um grupo de pessoas que trabalha no prédio anexo do clube, que terá que ser demolido, fez uma passeata na Avenida Otacílio Negrão de Lima, que chegou a ficar fechada por alguns minutos. A situação está sendo discutida em audiência pública realizada no local.

Com um carro de som, cartazes e faixas, os funcionários saíram pela avenida para chamar a atenção de moradores sobre a desapropriação do clube. A personal trainner Isabela Guimarães, de 26 anos, era uma das pessoas inconformadas com a medida. “Essa desapropriação representa risco de perda de muitos empregos. Hoje, a academia atende em torno de mil pessoas. Acredito que vai trazer um prejuízo para a comunidade e para os cerca de 6 mil sócios”, afirmou.

O anexo do clube virou um entrave no processo de reconhecimento da Pampulha como patrimônio da humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco). Depois de vários encontros e negociações, em 15 de fevereiro, o clube projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer (1907-2012) foi desapropriado pela PBH, com a decisão publicada no Diário Oficial do Município (DOM).
O objetivo da prefeitura é demolir o anexo construído na década de 1970, destoante do conjunto projetado pelo arquiteto carioca e que conta com trabalhos de paisagismo de Burle Marx e painéis de Cândido Portinari.

Na época da desapropriação, o secretário municipal de Governo, Vitor Valverde, afirmou que “a candidatura é inegociável”. E mais: “Se faltou possibilidade jurídica e administrativa de assinar um ato conjunto com o clube, o município faz uso de seu ato de força mais significativo e unilateral, de desapropriação total do bem, para não correr nenhum risco”. O valor da indenização ainda não foi definido.

O presidente do Iate Tênis Clube recebeu com surpresa o pedido da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) de desapropriação do imóvel. Um dia depois da decisão da PBH, ele afirmou que assinaria um termo de compromisso autorizando a demolição do anexo do clube.

Audiência pública

A Prefeitura de Belo Horizonte não enviou nenhum representante para a audiência pública. O ex-presidente e atual coordenador da comissão do clube que negocia com a PBH , Luciano Meri, disse que se reuniu com o secretário-geral Secretários de governo Valverde, mas não houve qualquer avanço. "Essa audiência partiu de iniciativa de representantes dos funcionários, pois há uma grande incerteza sobre como fica a situação deles com a demolição da área de 4 mil metros definida no decreto da PBH. Neste espaço estão concentradas atividades que geram 65% da renda do clube. Sem esses recursos, teremos 200 famílias de trabalhadores sem sustento", alertou.

Ainda, de acordo com Luciano, o decreto municipal da venda, de 1960, cosntava uma área de 23,560 mil metros quadrados, mas, não se sabe o motivo, no registro consta 19,900 mil metros. " O Iate não quer criar empecilhos para que a Pampulha receba esse importante título (patrimônio cultural mundial), mas precisamos ter uma definição sobre como será essa relocação do espaço que o clube vai perder na demolição", explicou.

Na reunião foram detalhadas questões sobre aquisição do terreno, bem como um projeto alternativo para manutenção de parte da área. Um vídeo da reunião será encaminhado a Comissão de Meio Ambiente da Câmara para avaliar a situação e determinar intervenções que possam ser realizadas..