A explosão de casos chega no momento em que a área de saúde na cidade atravessa caos financeiro. Os restos a pagar de 2015 somam R$ 40 milhões e, segundo a prefeitura, há necessidade de um contingenciamento (retenção de orçamento) de R$ 45 milhões neste ano para o setor. Diante disso, em plena epidemia a Secretaria Municipal de Saúde deve anunciar, hoje, o fechamento de unidades de atendimento imediato (UAIs) e unidades básicas de saúde (UBSs).
Uma maternidade deve ser transferida para o hospital regional. “Estamos enfrentando a necessidade de uma reengenharia”, disse o secretário de Saúde, Rasível dos Reis, ponderando que a pasta não medirá esforços para reverter a situação. Ele atribui as mudanças à queda na arrecadação tributária, reflexo da crise econômica que enfrenta o país.
“Em 2015, a redução das receitas correntes foi de R$ 167 milhões (10% entre o orçado e o realizado)”, completou o secretário de Finanças, Planejamento e Gestão, Gustavo Palhares.
A administração municipal crê que a publicação dos dois decretos – situação de emergência diante da dengue e situação de calamidade financeira – pode aumentar a chance de a prefeitura conseguir recursos junto aos governos estadual e federal. O texto que reforça o alarme em relação à saúde ainda garante ao Executivo convocar servidores para integrar ações contra o mosquito Aedes aegypti. E mais: “Os agentes comunitários de saúde, de combate a endemias e sanitários, os técnicos de nível superior, os coordenadores e demais agentes públicos serão empregados nas ações de resposta sem as limitações de espaço territorial e restrição administrativa e operacional”, segundo trecho do decreto.
Enquanto o avanço do inseto não é contido, médicos reclamam do déficit de profissionais e da carência de infraestrutura na rede pública de saúde. “Está difícil trabalhar assim”, lamentou um profissional que prefere o anonimato. Vítimas do mosquito também sofrem com o avanço da dengue e a perda de receita, como o aposentado José Francisco de Araújo, de 66 anos: “Meu corpo dói há três dias”.
Ele buscou atendimento ontem em uma unidade de saúde do Bairro Jardim Teresópolis, na periferia da cidade, onde coletou sangue. O local, que atende moradores de municípios vizinhos, estava cheio. “Minhas pernas e meus braços estão moles. Minha cabeça parece ser ferroada a todo momento. Acho que fui picado enquanto capinava o quintal de casa”, disse.
A prefeitura intensificou campanhas de conscientização contra a proliferação do transmissor, contudo, muita gente continua contribuindo com o surgimento de criatórios, jogando lixo em lotes vagos e em áreas públicas diariamente. A situação incomoda a moradora Fátima das Dores, de 54. Ela assegura que faz sua parte na guerra contra o mosquito. “Mantenho meu quintal sempre limpo.
Enquanto isso...atenção será diferenciada
A Prefeitura de Betim enviou à Câmara Municipal projeto de lei que altera o nome do Hospital Público Regional para Hospital Público Municipal Prefeito Osvaldo Rezende Franco. Na prática, a instituição dará prioridade à população de Betim em procedimentos eletivos. O município justificou que a unidade é mantido com 70% de recursos próprios e que 29% são arcados conforme o faturamento por produção da unidade. O governo estadual repassa o correspondente a 1%..