A saúde clama por socorro em Betim, uma das cidades mais populosas do estado, com mais de 400 mil habitantes. Assolado pela epidemia de dengue, o município decretou ontem situação de emergência por 120 dias para enfrentar as doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti . De 1º de janeiro a 4 de março, foram 3.762 casos notificados, sendo 778 confirmados. Dados do mesmo período de 2015 não foram informados pela prefeitura.
A explosão de casos chega no momento em que a área de saúde na cidade atravessa caos financeiro. Os restos a pagar de 2015 somam R$ 40 milhões e, segundo a prefeitura, há necessidade de um contingenciamento (retenção de orçamento) de R$ 45 milhões neste ano para o setor. Diante disso, em plena epidemia a Secretaria Municipal de Saúde deve anunciar, hoje, o fechamento de unidades de atendimento imediato (UAIs) e unidades básicas de saúde (UBSs).
Uma maternidade deve ser transferida para o hospital regional. “Estamos enfrentando a necessidade de uma reengenharia”, disse o secretário de Saúde, Rasível dos Reis, ponderando que a pasta não medirá esforços para reverter a situação. Ele atribui as mudanças à queda na arrecadação tributária, reflexo da crise econômica que enfrenta o país.
“Em 2015, a redução das receitas correntes foi de R$ 167 milhões (10% entre o orçado e o realizado)”, completou o secretário de Finanças, Planejamento e Gestão, Gustavo Palhares. Diante desse recuo, o município foi obrigado a decretar, também ontem, situação de calamidade financeira. “É uma forma de comunicar oficialmente à população de Betim, e aos municípios vizinhos, que a prefeitura enfrenta um momento delicado.”
A administração municipal crê que a publicação dos dois decretos – situação de emergência diante da dengue e situação de calamidade financeira – pode aumentar a chance de a prefeitura conseguir recursos junto aos governos estadual e federal. O texto que reforça o alarme em relação à saúde ainda garante ao Executivo convocar servidores para integrar ações contra o mosquito Aedes aegypti. E mais: “Os agentes comunitários de saúde, de combate a endemias e sanitários, os técnicos de nível superior, os coordenadores e demais agentes públicos serão empregados nas ações de resposta sem as limitações de espaço territorial e restrição administrativa e operacional”, segundo trecho do decreto.
Enquanto o avanço do inseto não é contido, médicos reclamam do déficit de profissionais e da carência de infraestrutura na rede pública de saúde. “Está difícil trabalhar assim”, lamentou um profissional que prefere o anonimato. Vítimas do mosquito também sofrem com o avanço da dengue e a perda de receita, como o aposentado José Francisco de Araújo, de 66 anos: “Meu corpo dói há três dias”.
Ele buscou atendimento ontem em uma unidade de saúde do Bairro Jardim Teresópolis, na periferia da cidade, onde coletou sangue. O local, que atende moradores de municípios vizinhos, estava cheio. “Minhas pernas e meus braços estão moles. Minha cabeça parece ser ferroada a todo momento. Acho que fui picado enquanto capinava o quintal de casa”, disse.
A prefeitura intensificou campanhas de conscientização contra a proliferação do transmissor, contudo, muita gente continua contribuindo com o surgimento de criatórios, jogando lixo em lotes vagos e em áreas públicas diariamente. A situação incomoda a moradora Fátima das Dores, de 54. Ela assegura que faz sua parte na guerra contra o mosquito. “Mantenho meu quintal sempre limpo. Até uma tampinha de garrafa, caso apareça em minha casa, será jogada no lixo. Não deixo nada que possa acumular água da chuva. Só que fui picada pelo mosquito. Não sei em qual bairro. Tenho certeza de que não foi na minha casa. Todos nós temos de combater o inseto”, recomendou.
Enquanto isso...atenção será diferenciada
A Prefeitura de Betim enviou à Câmara Municipal projeto de lei que altera o nome do Hospital Público Regional para Hospital Público Municipal Prefeito Osvaldo Rezende Franco. Na prática, a instituição dará prioridade à população de Betim em procedimentos eletivos. O município justificou que a unidade é mantido com 70% de recursos próprios e que 29% são arcados conforme o faturamento por produção da unidade. O governo estadual repassa o correspondente a 1%.
A explosão de casos chega no momento em que a área de saúde na cidade atravessa caos financeiro. Os restos a pagar de 2015 somam R$ 40 milhões e, segundo a prefeitura, há necessidade de um contingenciamento (retenção de orçamento) de R$ 45 milhões neste ano para o setor. Diante disso, em plena epidemia a Secretaria Municipal de Saúde deve anunciar, hoje, o fechamento de unidades de atendimento imediato (UAIs) e unidades básicas de saúde (UBSs).
Uma maternidade deve ser transferida para o hospital regional. “Estamos enfrentando a necessidade de uma reengenharia”, disse o secretário de Saúde, Rasível dos Reis, ponderando que a pasta não medirá esforços para reverter a situação. Ele atribui as mudanças à queda na arrecadação tributária, reflexo da crise econômica que enfrenta o país.
“Em 2015, a redução das receitas correntes foi de R$ 167 milhões (10% entre o orçado e o realizado)”, completou o secretário de Finanças, Planejamento e Gestão, Gustavo Palhares. Diante desse recuo, o município foi obrigado a decretar, também ontem, situação de calamidade financeira. “É uma forma de comunicar oficialmente à população de Betim, e aos municípios vizinhos, que a prefeitura enfrenta um momento delicado.”
A administração municipal crê que a publicação dos dois decretos – situação de emergência diante da dengue e situação de calamidade financeira – pode aumentar a chance de a prefeitura conseguir recursos junto aos governos estadual e federal. O texto que reforça o alarme em relação à saúde ainda garante ao Executivo convocar servidores para integrar ações contra o mosquito Aedes aegypti. E mais: “Os agentes comunitários de saúde, de combate a endemias e sanitários, os técnicos de nível superior, os coordenadores e demais agentes públicos serão empregados nas ações de resposta sem as limitações de espaço territorial e restrição administrativa e operacional”, segundo trecho do decreto.
Enquanto o avanço do inseto não é contido, médicos reclamam do déficit de profissionais e da carência de infraestrutura na rede pública de saúde. “Está difícil trabalhar assim”, lamentou um profissional que prefere o anonimato. Vítimas do mosquito também sofrem com o avanço da dengue e a perda de receita, como o aposentado José Francisco de Araújo, de 66 anos: “Meu corpo dói há três dias”.
Ele buscou atendimento ontem em uma unidade de saúde do Bairro Jardim Teresópolis, na periferia da cidade, onde coletou sangue. O local, que atende moradores de municípios vizinhos, estava cheio. “Minhas pernas e meus braços estão moles. Minha cabeça parece ser ferroada a todo momento. Acho que fui picado enquanto capinava o quintal de casa”, disse.
A prefeitura intensificou campanhas de conscientização contra a proliferação do transmissor, contudo, muita gente continua contribuindo com o surgimento de criatórios, jogando lixo em lotes vagos e em áreas públicas diariamente. A situação incomoda a moradora Fátima das Dores, de 54. Ela assegura que faz sua parte na guerra contra o mosquito. “Mantenho meu quintal sempre limpo. Até uma tampinha de garrafa, caso apareça em minha casa, será jogada no lixo. Não deixo nada que possa acumular água da chuva. Só que fui picada pelo mosquito. Não sei em qual bairro. Tenho certeza de que não foi na minha casa. Todos nós temos de combater o inseto”, recomendou.
Enquanto isso...atenção será diferenciada
A Prefeitura de Betim enviou à Câmara Municipal projeto de lei que altera o nome do Hospital Público Regional para Hospital Público Municipal Prefeito Osvaldo Rezende Franco. Na prática, a instituição dará prioridade à população de Betim em procedimentos eletivos. O município justificou que a unidade é mantido com 70% de recursos próprios e que 29% são arcados conforme o faturamento por produção da unidade. O governo estadual repassa o correspondente a 1%.